Contra Bolsonaro, PT e PSDB cogitam união de forças
24 março 2021 às 19h55

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PSDB e deputados do grupo chamado Minoria, na Câmara dos Deputados, entram com ação contra LSN no STF; em Goiás, diálogo entre adversários pode ganhar força

Na Câmara Federal, deputados da oposição se uniram para protocolar no Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra o uso da Lei de Segurança Nacional (LSN) no governo Bolsonaro.
Militantes que se opõem ao presidente, em diversas partes do país, têm sido presos ao tecer críticas a Bolsonaro sob justificativa da LSN, redigida ainda durante a Ditadura Militar.
Na última quinta-feira, 18, um grupo de cinco manifestantes foram presos no Distrito Federal com base nesta lei. No início do mês, um professor foi preso em Uberlância por um tuíte contra o presidente. A Polícia Militar irrompeu no meio da madrugada na casa do professor para prende-lo em flagrante.
O youtuber Felipe Neto foi acionado em inquérito da Polícia Civil por qualificar Bolsonaro como “genocida”. Novamente sob o mesmo pretexto, a LSN.
Partidos adversários que constituem atualmente Minoria na Câmara, como PT e PSDB, se unem para combater as políticas do presidente da República.
Em Goiás, políticos como os vereadores Aava Santiago e Mauro Rubem não descartam diálogo entre os partidos para derrubar a política de extrema-direita que ganhou força com a eleição de Bolsonaro. O presidente tucano no Estado, o ex-governador José Éliton, chegou a admitir que votou em Fernando Haddad no segundo turno das eleições presidenciais de 2018.
“O partido deve assumir um compromisso público de defesa das instituições, defesa dos direitos, defesa das garantias fundamentais das liberdades individuais. O partido tem que protagonizar isso de forma clara, de forma firme para voltar a ter grandeza e ser um dos protagonistas desse espectro, desse campo de partido de agentes políticos que faz essa defesa na oposição de Bolsonaro”, afirmou a parlamentar ao Jornal Opção durante entrevista.
Mauro Rubem também entende a trégua como válida. “Essas medidas que o governo tem feito para calar a sociedade, que praticam o que a gente sofria com a ditadura militar, entendo que é uma reação correta de um conjunto de partidos políticos que tem suas matrizes ideológicas e programas diferentes, mas entende que a democracia e o melhor para todos”, opinou o vereador.
“Querem [governo Bolsonaro] calar para não mostrar as 300 mil mortes com tendência de dobrar por conta de política genocida do Governo Federal”, apontou. “O que a gente quer é defender a democracia e tirar entulhos de autoritarismos. Fico feliz de ver partidos como PT e PSDB unidos por uma boa iniciativa”, afirmou o parlamentar.
Contra aliança
Por outro lado, o deputado tucano Talles Barreto ressaltou que as ações no STF foram protocoladas em separado. O PSDB se posicionou em uma ação, enquanto a Minoria, liderada pelo PT, teria protocolado outra notícia-crime no mesmo sentido.
“Precisamos separar as coisas. Sou contra as atitudes arbitrárias do governo Bolsonaro que interferem em preceitos fundamentais garantidos pela Constituição de 1988, mas sou de um posicionamento diferente do presidente estadual [José Éliton]. Não votei no Haddad e não votaria”, pontuou.
“Na minha visão, não me sinto confortável com uma aliança entre PT e PSDB. Apesar de ter uma boa ligação com o PT, na Assembleia estou junto com a deputada Adriana Accorsi na oposição, mas historicamente sempre foram nossos adversários”, afirmou Talles.