Conselho de Ética da Câmara lê pedido de cassação contra Gayer

20 agosto 2025 às 16h15

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O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados leu, na última terça-feira, 19, o pedido de cassação contra o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO). A representação foi enviada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), junto às demais, que inclue, também, pedidos de cassação dos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O PT apresentou acusações contra Gayer, pedindo quebra de decoro parlamentar. Segundo o partido, em 12 de março deste ano, Gayer usou a rede social X para distorcer uma fala do presidente Lula e atacar de forma ofensiva o líder do governo na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias; ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB); e o presidente da Câmara, Hugo Motta. Ele teria chamado Lula de “cafetão” e comparado Gleisi a um “objeto sexual”.
As publicações incluíram insinuações de que a articulação política da ministra ocorreria como negociação entre “gangues” e classificaram os presidentes da Câmara e do Senado como “gangster”. Para o PT, houve violação do Código de Ética e Decoro Parlamentar, “desrespeita as instituições democráticas e representa violência política de gênero contra Gleisi, crime previsto no Código Eleitoral”.
Para o PT, Gayer cometeu crimes contra a honra, como injúria e difamação, previstos no Código Penal. Argumenta que a imunidade parlamentar não protege essas falas por não terem relação com a função legislativa. Com isso, pede a abertura de processo ético-disciplinar que pode levar à perda do mandato do deputado.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado e aguarda retorno.
Eduardo Bolsonaro
Entre os alvos das representações estão nomes de diferentes espectros políticos, como André Janones (Avante-MG), Lindbergh Farias (PT-RJ), Guilherme Boulos (PSOL-SP), Kim Kataguiri (União-SP), Célia Xakriabá (PSOL-MG), Gilvan da Federal (PL-ES), delegado Éder Mauro (PL-PA), José Medeiros (PL-MT) e Sargento Fahur (PSD-PR).
Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, é acusado de obstrução à Justiça e coação no curso de processo judicial no Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar se licenciou do cargo e viajou aos Estados Unidos, onde passou a defender sanções econômicas contra o Brasil e autoridades nacionais.
Segundo representações apresentadas pelo PT e pelo PSOL, Eduardo teria articulado medidas internacionais para retaliar o país, o que, segundo os partidos, configura atentado à soberania nacional. As ações seriam uma tentativa de intimidar membros do Judiciário, especialmente o relator da ação penal contra Jair Bolsonaro e do inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado.
Eduardo Bolsonaro nega as acusações e afirma ser vítima de perseguição política. Em declarações recentes, defendeu que as sanções só deveriam ser revistas mediante uma “anistia geral e irrestrita” aos condenados por envolvimento na tentativa de golpe que buscava anular as eleições de 2022.
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