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Goiânia, inaugurada oficialmente em 24 de outubro de 1933, foi projetada para abrigar cerca de 50 mil habitantes, mas cresceu de forma acelerada nas décadas seguintes, impulsionada pela chegada da estrada de ferro, pela construção de Brasília e pela expansão econômica de Goiás. 

Em 1965, já concentrava aproximadamente 150 mil moradores e, atualmente, reúne cerca de 1,5 milhão de habitantes, preservando, entretanto, marcas de sua origem planejada, de sua arquitetura modernista e de sua forte tradição cultural.

Entre edifícios, monumentos, praças e espaços tombados, a capital guarda capítulos importantes da própria história do estado, muitos deles registrados na estética art déco, que se tornou símbolo do centro da cidade e levou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2002, a tombar 22 locais, incluindo construções e o traçado urbano original.

Para quem deseja entender Goiânia além do presente, explorar seus lugares históricos é redescobrir as raízes da capital.

A seguir, conheça 10 locais que ajudam a contar a história de Goiânia, cada um deles carregando fragmentos arquitetônicos, culturais e políticos que marcaram a formação da cidade.

1 – Praça Cívica: o marco zero da capital

Conhecida oficialmente como Praça Doutor Pedro Ludovico Teixeira, a Praça Cívica foi inaugurada em 1933 e marca simbolicamente o começo da construção de Goiânia. Projetada pelo urbanista Attilio Corrêa Lima, ela abriga importantes instituições públicas, como o Palácio das Esmeraldas, a residência oficial do governador, o Centro Cultural Marietta Teles e o Museu Zoroastro Artiaga.

Além desses espaços, integra o complexo o Cine Cultura, que funciona como sala de cinema e espaço expositivo, acumulando registros fotográficos, biblioteca com mais de 100 mil títulos e documentos sobre Pedro Ludovico e a formação da capital. Por sua centralidade política e cultural, a Praça Cívica permanece como um dos destinos mais visitados da cidade.

2 – Estação Ferroviária

Inaugurada em 1950, a antiga Estação Ferroviária de Goiânia funcionou até os anos 1980 e foi decisiva para o crescimento econômico da região. Ela recebia trens de carga e passageiros da Estrada de Ferro Goyaz e tornou-se um dos ícones arquitetônicos do acervo art déco, tombado pelo Iphan em 2002.

No interior do prédio, dois afrescos do muralista Frei Nazareno Confaloni, pioneiro da arte moderna em Goiás, reforçam o valor histórico do espaço, que segue preservado como um dos maiores símbolos da memória ferroviária da capital.

3 – Centro Cultural Oscar Niemeyer

Localizado entre as rodovias GO-020 e BR-153, o Centro Cultural Oscar Niemeyer apresenta uma esplanada de 26 mil m² e múltiplos equipamentos culturais vinculados à Secretaria Estadual de Cultura.

Criado para comportar exposições, apresentações artísticas, atividades de lazer e eventos de grande porte, o espaço oferece 470 vagas de estacionamento, acesso por transporte coletivo e até heliporto.

O conjunto de edifícios, marcado pela assinatura de Niemeyer, integra a paisagem moderna de Goiânia e reforça a convivência entre patrimônio histórico e expressões contemporâneas.

4 – Museu Pedro Ludovico Teixeira

Criado em 1987, o Museu Pedro Ludovico ocupa a antiga residência da família do fundador de Goiânia, construída em 1934 no estilo art déco. Com dois pavimentos, a casa preserva móveis, porcelanas, fotografias, documentos políticos e objetos pessoais de Pedro Ludovico, de sua esposa, Gercina Borges Teixeira, e de seus filhos.

O local abriga ainda a Biblioteca Mauro Borges, especializada em história de Goiânia e de Goiás, reunindo arquivos sobre o processo de urbanização da capital.

5 – Teatro Goiânia

Criado em 1942 como Cine Teatro Goiânia, durante o Batismo Cultural da capital, o edifício projetado por Jorge Félix preserva a estética art déco original. Após reformas, incluindo a de 1998, o teatro passou a ter capacidade para 710 pessoas.

Em 2003, foi tombado pelo Iphan e consolidou-se como um dos mais importantes espaços culturais da cidade, recebendo concertos, peças teatrais, shows, festivais audiovisuais e eventos históricos que marcam a vida pública de Goiás.

6 – Museu Estadual Professor Zoroastro Artiaga

Fundado em 1946, o Museu Zoroastro Artiaga reúne mais de quatro mil peças e se tornou referência na preservação da história e da cultura goiana. O acervo inclui fósseis, itens de arqueologia, etnologia indígena, arte sacra, arte popular, taxidermia e objetos que contam a formação territorial do estado.

Entre 1999 e 2003, o prédio passou por restaurações que modernizaram sua museografia, incluindo catalogação digital e melhorias estruturais. Salas temáticas, como a Casa Caipira, a Sala dos Governadores e a galeria de arte popular, ampliam a experiência de quem visita o museu.

7 – Casa nº 1: o primeiro imóvel registrado em Goiânia

Localizada na Rua 20, no Centro, a Casa nº 1, construída em 1935, é o primeiro imóvel registrado em cartório na capital. Inicialmente erguida para abrigar a Diretoria-Geral da Fazenda, tornou-se depois a residência da família de Colemar Natal e Silva, advogado e professor influente.

Desde sua cessão à Academia Goiana de Letras, o local passou a acolher atividades literárias e permanece ativo até hoje, preservando sua função cultural.

8 – Mercado Central de Goiânia

O Mercado Central, inaugurado em 1950, representa um dos pontos mais tradicionais da cidade. Após diferentes mudanças de endereço, foi transferido em 1986 para sua sede atual, onde ocupa 6.787 m² divididos em três pavimentos.

Além de ser um ponto importante do turismo gastronômico, o mercado oferece produtos típicos como pequi, guariroba e pratos regionais.

Suas lojas, distribuídas em dois pisos, mantêm a atmosfera popular e histórica que atrai moradores e visitantes.

9 – Coreto da Praça Cívica

O Coreto da Praça Cívica, inaugurado em 1942, tornou-se palco de eventos culturais, manifestações políticas e apresentações artísticas ao longo de décadas.

Tombado em âmbitos federal, estadual e municipal, o coreto viveu três fases distintas, incluindo seu período como sede do Centro de Atendimento ao Turista (CAT), entre 1973 e 1978.

Após sua reconstrução, retomou a função de equipamento urbano e continua como uma das construções mais marcantes do centro histórico.

10 – Monumento às Três Raças

Criado em 1968 pela artista Neusa Moraes, o Monumento às Três Raças é um dos símbolos máximos de Goiânia.

A obra, feita com 300 quilos de bronze e sete metros de altura, representa a união entre negros, brancos e indígenas, destacando a formação cultural e genética do povo goiano. 

Localizado na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, o monumento é cenário constante de fotografias e integra a paisagem política da capital, situado entre os palácios do governo estadual e municipal.

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