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Em 2023, Goiás passou de 9º para o 5º estado com o maior número de registros de conflitos no campo em todo o Brasil. Foram 167 ocorrências registradas, mostrando um aumento de 108,8%, sendo o maior nos últimos dez anos. Do total, 57 desses episódios incluíram diversas formas de violência, índice 78% maior que em 2022. Entre elas estão intimidação, ameaça de morte, criminalização, humilhação, cárcere privado e outras.

Segundo o relatório com análises de dados elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Centro de Documentação Dom Tomás Balduino (Cedoc), divulgados nesta terça-feira, 11, a intensificação dos conflitos no meio rural em Goiás mostram o investimento do agronegócio em uma política contra a Reforma Agrária, desrespeitando os direitos fundamentais da população do campo e a Constituição Federal do Brasil.

Relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) | Foto: CPT

Os dados também apontam as categorias de vítimas de violência em conflito no campo no ano passado. Os moradores(as) de acampamentos Sem terra foram os que mais sofreram, sendo 41 vítimas. Também foram violentadas sete quilombolas, cinco assentados, quatro pequenos proprietários, quatro trabalhadores rurais e um presidente do Sindicato de Trabalhadoras Rurais.

Goiás alcançou o topo da lista geral de trabalho escravo no Brasil, com 739 pessoas resgatadas de contextos análogos à escravidão. Representa 23% do total de 3188 trabalhadores salvos em todo o país em 2023. 699 pessoas dessas 739 trabalhavam em atividades rurais. O aumento é de 170% em relação ao número de 258 pessoas resgatadas em 2022 em Goiás.

As análises das ocorrências concluem que o agronegócio é o grande motor alimentado pelo trabalho escravo no estado e no país. Entre os 17 casos de trabalho escravo rural identificados em 2023, em 9 as vítimas eram trabalhadores rurais assalariados temporários. Em 7 eram trabalhadores rurais assalariados permanentes e, em uma ocorrência, relacionada ao resgate de um caseiro, não foi possível identificar esta informação.