Comissão da Câmara Federal aprova projeto que cassa aposentadoria de agentes públicos corruptos
02 novembro 2019 às 10h46

COMPARTILHAR
Proposta será analisada por dois colegiados da Casa antes de seguir para Senado

A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou nesta semana o Projeto de Lei 1764/19, de autoria do deputado Glaustin da Fokus (PSC), com relatório favorável de Zacharias Calil (DEM). O texto altera a Lei da Improbidade Administrativa ao estabelecer que a aplicação da pena de perda da função pública se converta em cassação da aposentadoria do servidor inativo condenado.
“Nossa ideia é que, amanhã, na hora de cometer uma irregularidade, o agente público pense não somente em si, mas também na construção de sua família e no futuro de seus filhos”, disse Glaustin. “Nós sugerimos a perda da aposentadoria justamente para inibir esse tipo de crime, tanto para servidores federais, já sujeitos a essa regra, como para qualquer pessoa que ocupe cargos municipais e estaduais. O preço da corrupção é muito caro para os governantes posteriores. A população goiana, por exemplo, está pagando essa conta.”
Relator da proposta na comissão, Zacharias ressalta que a corrupção está “na raiz de diversas amarras” ao desenvolvimento econômico e social, por impedir que recursos públicos se transformem em serviços eficientes. “Na área da saúde isso é impressionante. Quanta gente deixa de receber atendimento porque o dinheiro é pago e não chega lá?”, questionou o parlamentar e médico. “A improbidade administrativa precisa ser enfrentada em várias frentes, de forma a combater a impunidade. Nesse sentido, a medida proposta pelo deputado Glaustin representa uma importante contribuição.”
Debate
O deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) destacou a relevância da proposta, mas manifestou preocupação com os familiares dos agentes públicos condenados. “Filhos, netos, esposas e maridos de pessoas corruptas não podem ser jogados na sarjeta”, argumentou o parlamentar baiano. Já a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF) apoiou integralmente a proposta e defendeu que o Congresso Nacional “não coloque no Estado a responsabilidade de alguém que não pensou na família”.
Vencida a primeira etapa, o projeto tramita ainda pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público (Ctasp) e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), de onde deve seguir diretamente ao Senado Federal.