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A Agência Espacial Americana (NASA) ativou, nesta semana, o protocolo de defesa planetária após detectar comportamento considerado “anômalo” no cometa interestelar 3I/ATLAS (C/2025 N1). O objeto, descoberto em 1º de julho pelo sistema ATLAS, no Chile, é o terceiro corpo de origem interestelar já registrado atravessando o Sistema Solar e chamou atenção pela dificuldade de se prever sua trajetória.

O alerta foi emitido pelo Minor Planet Center (MPC), da Universidade de Harvard, que publicou boletim técnico (MPEC 2025-U142) em cooperação com a Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN). Segundo o comunicado, o cometa apresenta instabilidade incomum no brilho e no movimento, fatores que dificultam a medição precisa de sua posição e velocidade.

Em resposta, a NASA anunciou a realização de uma campanha internacional de monitoramento, entre 27 de novembro de 2025 e 27 de janeiro de 2026. O exercício reunirá astrônomos e centros de pesquisa de diversos países para aprimorar métodos de observação e cálculo de órbitas de cometas, especialmente aqueles de natureza interestelar.

Apesar de o protocolo de defesa ter sido ativado, a agência norte-americana reforça que não há risco de colisão com a Terra. O objetivo é treinar equipes e aperfeiçoar o rastreamento de corpos com comportamento atípico.

Visitante interestelar

Estudos preliminares indicam que o 3I/ATLAS tem entre 20 e 30 quilômetros de extensão, com um núcleo rochoso de cerca de 5,6 quilômetros e massa estimada em 33 bilhões de toneladas. O cometa viaja a uma velocidade próxima de 61 quilômetros por segundo e foi localizado a 670 milhões de quilômetros do Sol.

Sua origem fora do Sistema Solar o torna semelhante a objetos como o ʻOumuamua e o 2I/Borisov, observados em 2017 e 2019, respectivamente. De acordo com a NASA, o comportamento “imprevisível” do 3I/ATLAS pode estar relacionado à sublimação de compostos voláteis em grande quantidade, o que altera o impulso do núcleo e desvia sua trajetória original.

O cometa exibe emissões irregulares de gás e poeira, o que gera dificuldade para determinar com exatidão sua órbita. “Corpos cometários são sistemas complexos, e nem sempre é possível medir seu centro de massa com precisão. No caso do 3I/ATLAS, os dados sugerem variações incomuns que exigem acompanhamento constante”, informou a IAWN.

Instituições como o Instituto de Astrofísica de Canarias (IAC) e o Jet Propulsion Laboratory (JPL) participam das análises, buscando compreender a composição química e o comportamento físico do objeto.

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