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Analistas apontam tendência para manutenção da força após as eleições, seja para dar suporte ao governo Bolsonaro ou fortalecer oposição

Gabriella Oliveira
PH Mota

Com o fim da janela partidária, na sexta-feira, 1º, o PL se tornou a maior bancada da Câmara Federal, com 75 deputados. Foram 33 cadeiras adicionadas desde o dia 3 de março, quando a janela começou. Com a chapa sólida, o presidente do partido em Goiás, Flávio Canedo, acredita que o aumento da bancada da sigla proporcionará ao pré-candidato a governador, Major Vitor Hugo, equiparidade na disputa pelo cargo hoje ocupado por Ronaldo Caiado (União Brasil) e ambicionado por Gustavo Mendanha (Patriota).

Grande parte dos novos deputados do PL veio do União Brasil, partido criado com a fusão do PSL e DEM. Antes, a sigla de Ronaldo Caiado tinha 81 deputados, mas agora o número diminuiu para 47. O professor de direito eleitoral Robert Bonifácio acredita que o crescimento do PL ocorreu devido à entrada do presidente Jair Bolsonaro ao partido. “Ele [Bolsonaro] naturalmente carregaria consigo uma quantidade considerável de filiados”, afirma. Estar na mesma legenda do presidente, pode causar um “melhor posicionamento politico eleitoral na campanha das eleições deste ano”, analisa o professor.

O cientista político Guilherme Carvalho também reconhece que a movimentação é guiada pela filiação do Bolsonaro e destaca a força que o PL ganha, independente da reeleição do presidente. Segundo ele, o PL tem grandes chances de manter a bancada, já que os parlamentares com mandato são favoritos a reeleição, o que abastece a estrutura bolsonarista institucionalizada dentro do partido. “Ser aditivado com o bolsonarismo torna o PL um partido bem competitivo, como um importante braço caso Bolsonaro seja reeleito. Mesmo que não seja, é um partido importante para fazer oposição em outro cenário político”, pontua.

Com a entrada do presidente e seus simpatizantes, Bonifácio enxerga uma possível nova vertente ideológica dentro do PL. “Parte dos novos filiados são bolsonaristas, o que empurra o partido mais para à direita no espectro partidário”, explica. Contudo, mesmo com uma bancada maior, o especialista afirma que ainda não é possível prever como será uma futura governabilidade já que o PT, partido de Lula, é a segunda sigla em número de bancada e deverá eleger mais candidatos do que em 2018.

Em análise do espectro partidário com a chegada dos novos parlamentares, por outro lado, Guilherme aponta que provavelmente se mantém “tipicamente com membros do centrão”, como mostra o histórico. Ele defende que o PL faz parte de um modelo de partido que disputa eleições para ter cargos e acesso a recursos de poder, não necessariamente por meio de uma identidade programática ideológica, movimento que, inclusive, permite a aproximação a Bolsonaro. “É uma legenda que aglutina vários caciques que também não tem identidade programática, para que, juntos, sejam mais competitivos e possam vencer as eleições. É a natureza do PL e não poderia ser diferente da natureza do próprio presidente, que se constituiu num verdadeiro líder do centrão”, declara.