Se todos os partidos fossem aprovados pelo TSE, país teria um total de 118 de siglas

Um total de 86 partidos estão em processo de formação nos registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com essas agremiações em andamento, o consultor político, Ismael Almeida, aponta que, do ponto de vista ideológico, parece não fazer sentido que haja a criação de tantos partidos, uma vez que não existem tantas ideologias no mundo. Atualmente, no Brasil, 32 partidos estão em funcionamento.

Apesar de não acreditar que a criação dessa grande quantidade de partidos faça sentido, ele relembra a justificativa utilizada por muitos de que “partidos também representam segmentos da sociedade, que não necessariamente estariam reunidos em torno de uma ideologia, mas porque não se sentem representados em outras legendas”.

Ismael ainda caracteriza o pluripartidarismo como um movimento que acompanha a redemocratização no país. “Ideias políticas, antes agasalhadas em apenas dois partidos, MDB e Arena, foram aos poucos se espalhando em novas legendas “, disse. Apenas dois partidos seriam o suficiente para representar a sociedade brasileira no Congresso Nacional, mostrou uma pesquisa. O estudo foi feito pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2018.

Como exemplo de novos partidos, é possível citar a mais recente legenda, aprovada em registro pelo TSE neste mês: o União Brasil (UB), fruto da fusão entre o Democratas (DEM) com o Partido Social Liberal (PSL). A legenda tem como número 44. Além disso, a UB nasceu como a maior bancada, sendo 81 deputados federais e sete senadores. Além do UB, outros partidos colocaram em movimento a questão da necessidade de criação de novas siglas, como a Unidade Popular (UP), de 2019, e o Partido da Mulher Brasileira (PMB), com estatutos aprovados em 2015, 2016 e 2019. 

O especialista também pontua que o grande número de siglas faz a tarefa dos governos de formarem base de apoio para aprovar as pautas vencedoras na eleição presidencial fique cada vez mais complexa. “Por isso, a racionalização do sistema e a diminuição do número de legendas passou a ser também uma demanda da governabilidade”, disse Ismael.

Nova Lei

Com a possibilidade de criação de um partido para usufruir do fundo partidário, o Congresso Nacional aprovou e promulgou a Emenda Constitucional nº 97, de 2017. A alteração na Constituição Federal veda as coligações partidárias nas eleições proporcionais, e estabelece normas sobre acesso dos partidos políticos aos recursos do fundo partidário e ao tempo de propaganda gratuito no rádio e na televisão e dispor sobre regras de transição. “A emenda estabeleceu também a cláusula de barreira, que é a exigência de o partido conquistar determinado número de votos e representantes eleitos para ter acesso ao Fundo Partidário e à propaganda gratuita no rádio e televisão’, explica o consultor político.

Em 2018, já sob a nova regra, 14 partidos não alcançaram a cláusula de barreira e estão na iminência de deixar de existir nos próximos anos. Foi nessa conjuntura adversa que a proposta da federação de partidos foi retomada pelo Congresso. A ideia é, também, permitir a união de legendas para vencer a cláusula de desempenho. Diferente das coligações, a federação obriga que os partidos atuem de forma unitária pelos quatro anos seguintes às eleições, informa Ismael.

O projeto das federações começou a tramitar e foi avalizado inicialmente pelo Senado, em 2015. Segundo a Lei 14.208, de 2021, a federação só pode ser celebrada entre partidos com registro definitivo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Eles devem ficar ligados por pelo menos quatro anos, com abrangência nacional. A Câmara desengavetou a matéria e aprovou a tempo de valer para as eleições de 2022. No entanto, o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), vetou o projeto sob o argumento de que seria uma espécie de retorno à coligação partidária, em setembro do ano passado. Conquanto, o Congresso derrubou o veto presidencial e promulgou a lei.

Ismael aponta que essa obrigação é um primeiro passo para o respeito da escolha do eleitor, que de certa forma era ignorada com as coligações. “Era comum que o cidadão escolhesse um candidato que defendia, por exemplo, o liberalismo e a redução do Estado, mas por causa da coligação, seu voto acabava ajudando também a eleger outro candidato com ideias totalmente opostas às do primeiro.”

A nova lei está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a argumentação de que seria uma revisitação do instituto da coligação. A ação está prestes a ter seu mérito julgado no Plenário da Suprema Corte, após uma decisão liminar do Ministro Luís Roberto Barroso, que confirmou a sua constitucionalidade. Portanto, as federações partidárias podem se consolidar como uma medida positiva. “É mais coerente que legendas com afinidades programáticas e ideológicas possam se unir para qualificar a representação esperada por parte dos seus eleitores. E a médio e longo prazo, essas afinidades podem propiciar fusões que, aí sim, reduzirão o número de partidos, dando mais racionalidade à representação popular”, explica o especialista.

Criação de partidos

Seja qual for o motivo da criação de um novo partido, para concorrer às próximas eleições, as siglas devem estar devidamente registradas na Justiça Eleitoral, com seis meses de antecedência. O funcionamento efetivo de uma dessas agremiações só acontece quando elas cumprem os requisitos elencados na Resolução TSE nº 23.571/2018 na Lei nº 9.096/1995, também conhecida como a Lei dos Partidos Políticos. De início, no mínimo, 101 eleitores em exercício dos direitos políticos devem estar inseridos na elaboração do programa e do estatuto do partido pelos fundadores. “É necessário o apoio de eleitores correspondente a, pelo menos, 0,5% dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, distribuídos por um terço ou mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% do eleitorado que haja votado em cada um deles”, disse Ismael.

De acordo com o TSE, atualmente, com base no total de votos dados nas Eleições de 2018 para a Câmara dos Deputados, os partidos em formação devem coletar um total de 491.967 assinaturas em pelo menos nove unidades da Federação. Após este passo, o partido tem até 100 dias para informar ao TSE sobre a criação. Uma vez estabelecendo um mínimo de 0,5% de eleitorado, a agremiação no Cartório de Registro Civil de Brasília também é um processo necessário na formalização de uma nova sigla.

Por fim, a última etapa consiste no processo de Registro de Partido Político (RPP). Nesta parte, o partido deve envolver a inscrição dos órgãos partidários nos Tribunais Regionais Eleitorais nos estados e o registro do estatuto e do órgão de direção nacional no Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília. Se houver impugnação, o relator abrirá o prazo de sete dias para o partido se defender. Passada a fase de defesa e de produção de provas, o relator ouvirá o Ministério Público Eleitoral em 10 dias e, não havendo diligências processuais pendentes, o processo será apresentado em mesa para julgamento no Plenário em até 30 dias. Na sessão, poderão fazer sustentação oral por até 20 minutos as partes interessadas e o procurador regional Eleitoral, no âmbito dos TREs, bem como o procurador-geral Eleitoral, no âmbito do TSE.

Novas sigla

Conheça a lista dos total de 86 Partido(s) em Formação, de acordo com o TSE, com sigla, nome do presidente e atual situação:

PartidoNome do Presidente do PartidoSituação
ALIANÇA – ALIANÇA PELO BRASILJAIR MESSIAS BOLSONAROAtivo
ARENA – ALIANÇA RENOVADORA NACIONALSYLVIO PIRES DE CAMPOS NETOAtivo
CONSCIÊNCIA – CONSCIÊNCIAWEGNEY DA COSTA TEODOROAtivo
CONSCIÊNCIA – CONSCIÊNCIAWEGNEY DA COSTA TEODOROAtivo
CONSERVADORES – CONSERVADORESEDSON NAVARRO TASSOAtivo
DEFENSORES – DEFENSORESEDMAR WASHINGTON XAVIER PEREIRAAtivo
EDUCA BRASIL – EDUCA BRASILJOSÉ CARLOS GENTILIAtivo
FB – FORÇA BRASILEDUARDO DUARTE KISEL KISLANSKIAtivo
IGUAIS – IGUAISRAUL RODRIGO VIEIRA DE BARROSAtivo
IDE – IGUALDADECLÁUDIO MARTINS DE LISBOAAtivo
LIBERDADE – LIBERDADEJOÃO LEITEAtivo
LIGA – LIGA DEMOCRÁTICA LIBERALMARCELO SANTOS MACHADOAtivo
MCC – MOVIMENTO CIDADÃO COMUMABRAÃO SOARES DIAS DOS SANTOS GRACCOAtivo
PM – MUNICIPALISTAMARCILIO DUARTE LIMAAtivo
NOS – NOVA ORDEM SOCIALMARIO ANTÔNIO MARQUES FASCIOAtivo
ORDEM – ORDEMSAMUEL MESSIAS DA SILVA OLIVEIRAAtivo
PAT – PARTIDO ALTERNATIVO DOS TRABALHADORESCÍCERO EXPEDITO BANDEIRA ALVESAtivo
PAC – PARTIDO ANTICORRUPÇÃOJOSEPH GOMIERO FARIAAtivo
ARTIGO UM – PARTIDO ARTIGO UMJONAS DE SOUZA NETOAtivo
PBN – PARTIDO BRASIL NOVOEzequiel Fernando GuimarãesAtivo
PB – PARTIDO BRASILEIROCARLOS ROBERTO FERREIRA LOPESAtivo
PCS – PARTIDO CARISMÁTICO SOCIALLEANDRO PEREIRA SALLESAtivo
PCD – PARTIDO CONSCIÊNCIA DEMOCRÁTICAERICA CHAVES CRUVINELAtivo
PC – PARTIDO CRISTÃORONALDO LÚCIO ANTÔNIOAtivo
PCI – PARTIDO DA CIDADANIALUIZ GERALDO CORREIA DA SILVAAtivo
PDS – PARTIDO DA DEFESA SOCIALEDMAR WASHINGTON XAVIER PEREIRAAtivo
EDUC – PARTIDO DA EDUCAÇÃOMARIO MANHÃES MOSSOAtivo
PFB – PARTIDO DA FAMÍLIA BRASILEIRASEVERINO TINHA DI FERREIRAAtivo
FRENTE – PARTIDO DA FRENTE FAVELA BRASILWANDERSON MAIA NASCIMENTOAtivo
PINA – PARTIDO DA INELEGIBILIDADE AUTOMÁTICAMARIO FORTES BRAGAAtivo
PISC – PARTIDO DA INTEGRAÇÃO SOCIAL E CIDADANIAJOÃO CALDAS DA SILVAAtivo
PLS – PARTIDO DA LIBERDADE SOLIDARISTAADELMO ALVES DE MACEDOAtivo
PMP – PARTIDO DA MOBILIZAÇÃO POPULARJOÃO CALDAS DA SILVAAtivo
PNB – PARTIDO DA NAÇÃO BRASILEIRAROBERTO JORGE ALEXANDREAtivo
PRONA – PARTIDO DA REEDIFICAÇÃO DA ORDEM NACIONALMARCELO VIVÓRIO ALVESAtivo
PRUAB – PARTIDO DA REFORMA URBANA E AGRÁRIA DO BRASILFERNANDO HENRIQUE FERREIRAAtivo
PSP – PARTIDO DA SEGURANÇA PRIVADAKELSON RENATO RIBEIROAtivo
PSPC – PARTIDO DA SEGURANÇA PÚBLICA E CIDADANIAEDIVALDO DOS SANTOS DE FARIASAtivo
PSN – PARTIDO DA SOLIDARIEDADE NACIONALEUGÊNIO DE SOUSA FALCÃO NETOAtivo
PTS – PARTIDO DA TRANSFORMAÇÃO SOCIALRONALDO FERREIRA GUALBERTO DA COSTAAtivo
PSETE – PARTIDO DAS SETE CAUSASROGÉRIO SILVA LOPESAtivo
ORDEM – PARTIDO DE ORGANIZAÇÃO DEMOCRÁTICA DOS ESTUDANTESHERONILDES BEZERRA DA SILVAAtivo
PRONA – PARTIDO DE REESTRUTURAÇÃO DA ORDEM NACIONALPATRÍCIA FREITAS LIMAAtivo
PDL – PARTIDO DEMOCRACIA LIBERALLUCAS LEAL FERREIRAAtivo
PDC – PARTIDO DEMOCRATA CRISTAOJOÃO JOSÉ GOMES SOARESAtivo
PDB – PARTIDO DEMOCRÁTICO BRASILEIROFERNANDO LESSA LEÃOAtivo
PDSP – PARTIDO DEMOCRÁTICO DOS SERVIDORES PÚBLICOSDERCILA BASTOSAtivo
PE – PARTIDO DO ESPORTEEDUARDO DE OLIVEIRA FONSECAAtivo
PDECO – PARTIDO DOS DEFENSORES DA ECOLOGIAWALTER BONETTIAtivo
PSPB – PARTIDO DOS SERVIDORES PÚBLICOS E DOS TRABALHADORES DA INICIATIVA PRIVADA DO BRASILNILSON DOMINGUESAtivo
PEC – PARTIDO ECOLÓGICO CRISTÃOJOSÉ RAIMUNDO SAMPAIO OLIVEIRAAtivo
PGT DO B – PARTIDO GERAL DOS TRABALHADORES DO BRASILCLÉSIO SOARES ALVES BARRETOAtivo
PHD – PARTIDO HUMANISTA DEMOCRÁTICOJOSÉ OSCAR DA SILVAAtivo
PHN – PARTIDO HUMANITÁRIO NACIONALCASSIANO ROSADO CORREIAAtivo
PLC – PARTIDO LIBERAL CRISTÃOOSÉSA RODRIGUES DE OLIVEIRAAtivo
MANANCIAL – PARTIDO MANANCIAL NACIONALTALVANE BARRETO GAMAAtivo
PMBR – PARTIDO MILITAR BRASILEIROANDRÉA FRANÇA COELHO ROSAAtivo
NAC – PARTIDO NACIONALMYRIAN APARECIDA BOSCO MASSAROLLOAtivo
PNS – PARTIDO NACIONAL DA SAÚDEMARCO ANTÔNIO DE MATTOSAtivo
PNI – PARTIDO NACIONAL INDÍGENAARY PALIANOAtivo
PNTB – PARTIDO NACIONAL TRABALHISTA BRASILEIROMARCO ANDRÉ FERREIRA DAS CHAGASAtivo
PNB – PARTIDO NACIONALISTA DO BRASILMARCO ANTONIO FONTEBASSOAtivo
PAIS – PARTIDO PELA ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO SOCIALLUIZ CARLOS DE LIMAAtivo
PIRATAS – PARTIDO PIRATA DO BRASILDANIEL DANTAS PRAZERES AMORIMAtivo
ANIMAIS – PARTIDO POLÍTICO ANIMAISALEXANDRE MAGNO ANDRADE GORGAAtivo
PPBR – PARTIDO POPULAR BRASILEIROVALDILSON SILVA DE OLIVEIRAAtivo
PPLE – PARTIDO POPULAR DE LIBERDADE DE EXPRESSÃO AFRO-BRASILEIRAMARCELO DOS SANTOS MONTEIROAtivo
PPC – PARTIDO PROGRESSISTA CRISTÃOEURIPEDES JOSE DE FARIASAtivo
PRC – PARTIDO REPUBLICANO CRISTÃORONALDO FONSECA DE SOUZAAtivo
PRCB – PARTIDO REPUBLICANO CRISTÃO BRASILEIROFÁBIO BERNARDINO DA SILVAAtivo
PSF – PARTIDO SOCIAL DA FAMÍLIASÉRGIO LUÍS DE CARVALHO OLIVEIRAAtivo
PST – PARTIDO SOCIAL TRABALHISTAALEXANDRO MARTINS COSTAAtivo
PUMA – PARTIDO UNIVERSAL DO MEIO AMBIENTECESAR AUGUSTO ALVES DE LIMAAtivo
PATRI – PATRIOTASJOSE ROBERTO DE CASTROAtivo
RAIZ – RAIZ – MOVIMENTO CIDADANISTARONALDO CORREA FABIANOAtivo
RDP – REAL DEMOCRACIA PARLAMENTARANTÔNIO DA CRUZ MOURÃOAtivo
RNCB – REAÇÃO NACIONAL CONSERVADORA BRASILEIRATIAGO MÜLLER CARTIER MARQUESAtivo
RBR – RENOVA BRASILCELSO ZALLIO COELHOAtivo
RNV – RENOVARHEBERT DOUGLAS DE BARROS GOUVEIAAtivo
TRIBUNA – TRIBUNA POPULARIGOR RODRIGUES DE CARVALHOAtivo
UDC DO B – UNIÃO DA DEMOCRACIA CRISTÃ DO BRASILCLAUDIO GERALDO AVELAR DE ARAÚJOAtivo
UDN – UNIÃO DA DEMOCRACIA NACIONALMILTON CESAR ALVES DE OLIVEIRAAtivo
USB – UNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRADÁRIO JOSÉ DA SILVA FERREIRAAtivo
UDN – UNIÃO DEMOCRÁTICA NACIONALMARCUS ALVES DE SOUZAAtivo
UDN – UNIÃO PARA A DEFESA NACIONALALTAMIRO RAJÃOAtivo
UPB – UNIÃO PELO BRASIL
Quadro de partidos em formação | Fonte: TSE

Aliança Brasil

A formação do partido de extrema-direita não esta conseguindo atender aos requisitos para ser homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A sigla não conseguiu passar da fase de coleta de assinaturas. Cerca de120.000 das 300.00 assinaturas coletadas para criação do partido ainda precisam ser avaliadas pelo TSE. O necessário para a legendar sair do papel era de 492 mil. LEgenda e pretendia se tornar um dos maiores partidos do país

Partido havia sido projetado para abrigar Jair Bolsonaro, porém presidente abandou o projeto. Com símbolo da legenda foi desenhado com projéteis, o número 38, devido ao calibre da bala, criação do partido estava sendo feito em referência a Bolsonaro. Contudo, em outubro do ano passado, o chefe do Executivo informou que as possibilidades de ingressar o partido eram “zero”, ao ser questionado por apoiador. Após dois anos sem partido, atualmente, Bolsonaro está filiado ao Partido Liberal (PL), desde o dia 30 de novembro de 2021.