Ciro Nogueira: “Já comuniquei a Bolsonaro que não serei candidato a vice-presidente”
16 novembro 2025 às 11h47

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Em meio às articulações da direita para definir um nome competitivo contra o presidente Lula em 2026, o senador Ciro Nogueira (PP) disse que não tem interesse em uma candidatura vice-presidente da República. O anúncio, segundo ele, foi feito diretamente a Jair Bolsonaro para “encerrar rumores”. “Já comuniquei a Bolsonaro que não serei candidato a vice-presidente”, afirmou o senador.
Em entrevista ao Estadão, Ciro afirmou que será candidato ao Senado pelo Piauí e que a insistência em seu nome para a vice tem “desvirtuado” sua atuação política no Estado. Apesar da negativa pública, a movimentação interna do senador reacendeu discussões sobre sua atuação nos bastidores, especialmente em um momento em que a direita ainda busca consolidar um nome competitivo para enfrentar o presidente Lula em 2026.
Ao avaliar o cenário eleitoral, Ciro Nogueira disse ainda não enxergar espaço para uma terceira via independente, apontando Lula e Bolsonaro como “os dois maiores líderes populares dos últimos 50 anos”. Para o senador, a direita tende a se unificar no primeiro turno “por instinto de sobrevivência” e por reconhecer a relevância da disputa presidencial.
Dirigentes e analistas observam que Ciro tem trabalhado para aproximar a federação União Brasil–PP, da qual faz parte, do grupo político de Tarcísio, considerado nos bastidores o nome favorito de Bolsonaro caso o governador aceite concorrer à Presidência.
Embora Tarcísio declare publicamente buscar a reeleição em São Paulo, aliados do ex-presidente acreditam que o cenário pode mudar, e Ciro atua para posicionar sua federação como aliada antecipada desse movimento. Em entrevista também abordou a decisão da federação União Brasil–PP de romper com o governo federal. Ciro classificou a medida como “correta”, afirmando que a bancada e as bases partidárias não desejavam permanecer alinhadas ao Executivo.
O senador disse que o ministro do Esporte, André Fufuca, optou pessoalmente por manter-se no cargo, o que resultou na perda de posições dentro do partido. Questionado sobre outros nomes da sigla no governo, Ciro negou que haja indicações políticas ativas, classificando como equívoco a associação entre consultores técnicos e nomeações partidárias.
O senador também rebateu críticas de parlamentares governistas, que relacionaram a discussão sobre mudanças na competência da Polícia Federal a interesses pessoais seus. Para Ciro, a acusação é “uma piada”, argumentando que o caso citado já havia sido alvo de investigação anterior e que não há relação entre ele e o debate legislativo em curso.
As articulações envolvendo a federação União Brasil–PP intensificaram tensões internas, sobretudo porque a coligação tem como pré-candidato o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. A movimentação de Ciro em direção ao bolsonarismo, segundo dirigentes do União Brasil, desconsideraria lideranças como Caiado e ACM Neto, gerando preocupação de que a federação seja conduzida a uma aliança nacional sem consenso interno.
A possibilidade de Tarcísio assumir a cabeça de chapa tem ampliado esse debate, uma vez que setores do União Brasil defendem manter o projeto próprio com Caiado, enquanto o PP se aproxima de Bolsonaro.
Enquanto o cenário permanece indefinido, Ciro Nogueira reforça publicamente que não será vice, mas sua atuação política continua a influenciar diretamente a reorganização da direita para 2026. Nos bastidores, a disputa entre apoiar uma candidatura interna da federação ou acompanhar a escolha de Bolsonaro, possivelmente Tarcísio, segue como ponto central das negociações.
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