Ciro Gomes sobre impeachment: “Rasga a Constituição e repudia supremacia popular”
24 junho 2016 às 19h11

COMPARTILHAR
Homenageado na Câmara dos Vereadores com título de cidadão goianiense, ex-governador do Ceará agradeceu honraria e fez duras críticas ao governo Temer

Em Goiânia na tarde desta sexta-feira (24/6) para receber o título de cidadão goianiense, o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT-CE), não poupou críticas ao governo de Michel Temer (PMDB) e voltou a classificar o processo de impeachment da agora afastada presidente Dilma Rousseff (PT) como golpe.
“É golpe de estado, sem dúvida”, resumiu. Para ele, o Golpe Militar de 1964 guarda semelhanças que mostram que o processo atual não é legítimo: “Em 64, o Renan Calheiros da época era o Auro de Moura Andrade, que declarou vaga a presidência mentindo que o presidente tinha se evadido do território nacional”, disse, se referindo ao presidente do Senado Federal.
[relacionadas artigos=”62736,61266″]
“Essa é a base de fato que gerou todos os desdobramentos: Deram posse ao Eduardo Cunha da época, que era o Ranieri Mazzilli, e este convocou uma eleição indireta que acabou elegendo Castelo Branco”, explicou. “Hoje, só um imbecil nega que houve um golpe em 64”, completou Ciro.
Em seu discurso ao receber a honraria, ele se desculpou por falar da situação política nacional em um “momento de festa”, mas disparou: “É uma crise política que rasga a Constituição Brasileira, repudia a supremacia popular, que se pensava ser o único e definitivo caminho por onde alguém deva chegar ao sagrado posto de chefe da Nação, para empoderar golpistas, quadrilheiros, corruptos, salafrários e pondo na boca do povo brasileiro o travo amargo do medo do futuro e da desconfiança de uma agenda que pretende ainda esse ano, sem refletir nem discutir com ninguém, revogar direitos essenciais e a própria Constituição de 1988”.
“Eu falo [do denário político] para dizer qual o sentido superior da minha gratidão e da minha responsabilidade com a comunidade que me apoia como um brasileiro que não se calará diante do que tá acontecendo”, esclareceu.
Ele foi especialmente crítico em relação às medidas tomadas no primeiro mês de governo Temer, que considerou um “desastre completo e que vai se aperfeiçoar se a gente não interromper esse itinerário de sandice que está ferindo de morte a nossa jovem democracia”.
“O mais grave de tudo é a Emenda à Constituição que tabela os gastos com educação, saúde e previdência, deixando livre o mais grave de todos, que é o gasto com juros, para servir à agiotagem oficial”, criticou. “E o outro gravíssimo problema é a questão da entrega das riquezas nacionais, especialmente o pré-sal, que é um crime”.
Sobre uma possível volta de Dilma ao cargo de presidente, Ciro Gomes disse que “A probabilidade é pequena, mas devemos lutar para que isso aconteça”. Para ele, as críticas ao seu governo são pertinentes, mas deve-se respeitar o fato de ela ter sido legitimamente eleita em 2014. “Qualquer brasileiro que tenha críticas sobre o governo Dilma está coberto de razão porque é um governo indefensável. Porém, ela sendo uma pessoa honrada é a fiadora da democracia”, concluiu.