Em uma votação relâmpago e de forma simbólica (sem o uso do painel eletrônico), a Câmara de Goiânia aprovou, em primeira votação, o projeto Centraliza, que propõe mudanças no Centro de Goiânia. Na ocasião, apenas a vereadora Aava Santiago (PSDB) se manifestou contrária. Apesar de apoiarem o projeto, alguns vereadores da base criticam certos pontos da matéria.

Apesar de aprovado, o projeto enfrenta críticas. Kátia Maria (PT) destaca a permissividade tributária do Centraliza e aponta a falta de estudos de impacto de vizinhança e trânsito, que podem impactar negativamente o centro da cidade. “Não podemos permitir certas atividades como, por exemplo, centros de distribuição com caminhões circulando em áreas de patrimônio histórico, pois sabemos que isso destrói”, comenta.

A vereadora também ressalta que, assim como é necessário apresentar estudos de impacto em toda a cidade, o mesmo deve ser feito no Centro. “Queremos desenvolver o Centro, gerar empregos e qualidade de vida, mas isso precisa ser sustentável; não pode haver uma liberação geral”, avalia.

O vereador Bill Guerra (MDB) acredita que Goiânia tem várias demandas que merecem prioridade. “Você não consegue atravessar Goiânia de um lado para o outro, principalmente em horário de pico, em menos de duas horas”, cita. Guerra defende que o Centro precisa de uma nova vocação para atrair o público, já que as lojas convencionais estão se deslocando para os bairros, eliminando a necessidade de ir ao Centro. “O Centro vai precisar trazer outras coisas que atraiam o público. Nos bairros como Marista, tanto de dia quanto à noite, todos estão lotados”, compara Fabrício. Mesmo levantando alguns questionamentos, Bill Guerra votou a favor.

Outro ponto que, conforme Fabrício, poderia ter avançado é a discussão ambiental. “Precisamos de calçadas, drenagens. Veja o que aconteceu no Rio Grande do Sul. Precisamos de tetos verdes, de jardins drenantes”, cita.

Patrimônio histórico

Contudo, uma das críticas mais fortes está diretamente relacionada à preservação do patrimônio histórico do Centro. “À medida que incentivamos o estacionamento, o que será feito com as outras casas dos anos 70 e 80 de Goiânia, que não são art déco, mas também precisam ser protegidas? Elas serão derrubadas e transformadas em estacionamentos”, questiona o petista, que pretende apresentar emendas na próxima comissão pela qual o projeto passará.

O Centraliza segue agora para a Comissão de Finanças, onde será discutido nessa parte temática.

Voto vencido

Dos 26 vereadores que assinaram a folha de presença, apenas Aava Santiago se manifestou contra o projeto como está, apesar de aprovar algumas partes. Aava frisa que existe uma prática do executivo de colocar, dentro de algum projeto enviado ao legislativo, pontos de interesse da sociedade, mas que, ao serem analisados, revelam armadilhas de interesse do executivo.

“O prefeito envia projetos com pontos positivos e embute dentro deles todo tipo de armadilha para deixar o vereador malvisto pela população. Se o vereador não votar a favor, a base diz que a oposição deixou de votar em um projeto bom para a sociedade”, explica.

A parlamentar ressalta que dentro do pacote de melhorias para o centro de Goiânia está a privatização dessa área para o setor imobiliário. “A prefeitura está entregando o centro de Goiânia para os empresários, retirando todas as regras sob o pretexto de favorecer novos empreendimentos”, pontua. Ava, no entanto, destaca que apresentará algumas emendas na comissão temática e, se forem acatadas, poderá votar a favor na próxima votação.

O que é o Centraliza?

O Programa Centraliza é um projeto do executivo municipal que visa à requalificação do centro de Goiânia. Dividido em sete eixos temáticos, o programa promove ações nas áreas de moradia, lazer, trabalho, comércio, educação e investimentos. A iniciativa tem como objetivo solucionar problemas de segurança pública, infraestrutura, mobilidade, bem-estar, lazer e convivência, além de aumentar os atrativos e a presença de pessoas no centro da cidade.

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