No entanto, empresa diz que todas as informações dos R$ 336 milhões investidos desde 2017 na capital são públicas e e podem ser consultadas sites dos órgãos reguladores

Ao vivenciar a maior crise energética dos últimos 91 anos, estados brasileiros vêm aplicando estratégias para reduzir o impacto no fornecimento de energia elétrica aos consumidores. Foi nesse sentido que o Governo de Goiás publicou, no último dia 10, decreto para diminuir em 30% o consumo de energia elétrica na administração pública estadual, e que a Câmara Municipal de Goiânia instalou, em maio, a CEI da Enel.

Criada em 13 de maio deste ano, a Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Enel tem o vereador Mauro Rubem (PT) como presidente, Juarez Lopes (PDT) como vice-presidente e Ronilson Reis (Podemos) como relator. Desde sua instalação, os parlamentares busca investigar a distribuição da energia distribuída aos consumidores e a existência de possíveis prejuízos que possam ter sido causados pela empresa à população.

Vereador Mauro Rubem (PT) | Foto: Reprodução

Questionado pelo Jornal Opção, o presidente da CEI afirmou que as atividades da comissão permanecem em funcionamento e que a fase atual é a de identificar e conhecer como o sistema elétrico goianiense funciona para que o relatório seja elaborado e medidas que garantam melhor distribuição a população goiana sejam propostas à empresa.

“A CEI da Enel já provou que objetivamente a Enel presta serviços de baixa qualidade. É verdade que melhorou um pouco, mas ainda está longe de ser o que precisamos. Já identificamos que constantes quedas de energias são reais, mesmo que tenham diminuído. É preciso que isso seja consertado”, explicou Mauro Rubem.

Após os apontamentos do vereador sobre o que foi comentado na CEI da Enel até o momento, o diretor de Planejamento e Gestão da Enel Distribuição Goiás, Roberto Vieira, afirmou ao Jornal Opção que muito tem sido feito para que o fornecimento de energia elétrica ao cidadão goianiense seja melhorado.

“Ao longo desse período que a Enel assumiu a concessão da antiga Celg, temos feito muito investimento, porque a gente ficou por muito tempo sem a quantidade de aplicações necessária para manter o sistema em nível adequado de qualidade e quantidade disponível de energia”, declarou o Roberto Vieira.

Investimentos

Segundo o diretor de Planejamento e Gestão da Enel Distribuição Goiás, Roberto Vieira, entre 2017 e 2021, R$ 336 milhões foram investidos na capital goiana. Segundo ele, esse investimento foi fixado em três pilares: melhorar a estabilidade do sistema, a qualidade do fornecimento e aumentar a disponibilidade de energia.

Subestação Santa Genoveva | Foto: Enel

“Inauguramos a Subestação Santa Genoveva, em 2021 e a Subestação Meia Ponte em 2021. Nisso, nós ampliamos e aumentamos a disponibilidade de energia na subestação e fazemos um processo de modernização, trocando todos os equipamentos da subestação antiga e colocando equipamentos digitais que podem ser monitorados e manobrados da nossa central de operações que fica em Goiânia”, esclareceu o diretor.

Segundo ele, desde 2017, 60 quilômetros de novas redes de distribuição, que são os postes que levam a energia das das subestações até a casa dos clientes, comércio ou indústria, foram construídos. A intenção é que até o fim de 2021 sejam inaugurados 90 quilômetros adicionais referentes às subestações Meia Ponte e Santa Genoveva.

A modernização da rede, de acordo com Roberto Vieira, diretor de Planejamento e Gestão da Enel Distribuição Goiás, passa por priorizar a utilização de novas tecnologias. “Em Goiânia, instalamos, instalamos 1230 equipamentos tele controlados. São 1200 chaves ou religadores instalados em pontos estratégicos onde é possível fazer uma manobra e voltar com a energia para boa parte dos clientes sem precisar deslocar equipes em campo”, explica o diretor.

A manutenção é um dos setores que Roberto ressalta a quantia de investimentos feitos desde 2018, com o total de R$ 121 milhões aplicados em 20 mil trabalhos de manutenção, trocas de equipamentos, troca de 600 postes, 50 transformadores e realização de 99,5 mil podas. No entanto, Mauro Rubem ressalta a necessidade de que a Enel preste maior atenção na segurança dessa rede.

Subestação Meia Ponte | Foto: Enel

A empresa, no entanto, garantiu que “todas as redes que são construídas ou manutenções que são feitas seguem todas as normas técnicas vigentes pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e todas as melhores praticas de engenharia que temos no Brasil e no mundo”. Além disso, afirmou que a população precisa se atentar ao fato de que a rede elétrica não pode ser manuseada por pessoas que não sejam profissionais habilitados.

“Não se pode subir na rede pra fazer conexão clandestina, recuperar objetos que ficaram presos, como pipa, principalmente com a utilização de barras de ferro para essa recuperação. Isso só pode ser feito pelos nossos profissionais com autorização da nossa central de operação”, afirmou Roberto, que ressaltou que a equipe de comunicação da Enel vem aplicando ações educativas e de informação para mostrar o perigo do manuseamento da rede elétrica.

Pré-conclusões da CEI e resultados da Enel

Apesar de o vereador e presidente da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Enel, Mauro Rubem (PT) afirmar que o relatório de várias pessoas – contribuintes como empresários, professores e demais trabalhadores – que foram à Câmara Municipal de Goiânia comprovar as constantes quedas de energia na capital, o diretor de Planejamento e Gestão da Enel Distribuição Goiás garante que esse número diminuiu.

De acordo com Roberto Vieira, diretor de Planejamento e Gestão da Enel Distribuição Goiás, foi registrada uma redução em 50% da Duração Equivalente (DEC) – que é o indicador utilizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) controla em todas as distribuidoras – de interrupções que cada cliente na cidade de Goiânia observa ao longo do ano – de 13,5 para 6,9 horas.

Diretor de Planejamento e Gestão da Enel Distribuição Goiás, Roberto Vieira | Foto: Arquivo pessoal

Segundo ele, a quantidade de vezes que cada um dos clientes também ficava sem energia na época da Celg é 50% maior que em 2020, fazendo com que a porcentagem tenha passado de 11,9 vezes de interrupções ao ano para 5,9 vezes em 2020. “As reclamações também apresentaram queda de 46%”, afirma Roberto.

No entanto, para os vereadores da CEI, o tamanho da rede elétrica presente em Goiânia não é suficiente para suprir a demanda da capital. “Como aqui é um setor de distribuição, falta investimento. Temos que discutir leis que já foram aprovadas aqui em Goiânia, como o cabeamento subterrâneo, se teria uma situação mais favorável a população. Deveríamos estar discutindo a opção de levar energia de qualidade a diversos lugares para quando uma determinada linha estiver uma intercorrência, a cidade não ficar sem energia. Essas medidas mostram que é preciso um sistema mais robusto”, pontua o vereador.

O petista ainda acrescenta que, para isso, o mecanismo que, até o momento, foi o identificado para melhorar essa prestação de serviço à sociedade é o do monitoramento. “Está bem claro na cabeça dos vereadores que é preciso que a Enel venha com regularidade à Câmara Municipal apresentar seu plano de trabalho anualmente, três vezes ao longo do ano, a cada quadrimestre. Mostrar o que será feito, para que tenhamos um monitoramento, fiscalização e investigação sobre a energia elétrica, que é fundamental ao desenvolvimento da cidade”, disse Mauro Rubem.

Em resposta à possibilidade de apresentação do plano de trabalho, em periodicidade quadrimestral, à Casa Legislativa, a empresa afirmou que quando a proposta for feita, será avaliada a melhor forma de comparecer e interagir. “A Enel sempre está disposta a interagir com os representantes do poder publico, seus clientes. No entanto, nossas informações são públicas e podem ser consultadas sites dos órgãos reguladores”, completou Roberto Vieira.