Caso Marcelo Cabo: a falha do técnico do Atlético é profissional, mas ele será punido pelos “bons costumes”
17 janeiro 2017 às 11h20

COMPARTILHAR
Se o treinador tivesse sido ido para a praia ou a uma pescaria seria “perdoado”, mas invadido a inclemente área dos “bons costumes”

O promissor técnico Marcelo Cabo, que foi uma das peças fundamentais para o Atlético Goianiense voltar à Série A no ano passado – ganhando de lambuja (e que baita lambuja) o título da 2ª Divisão brasileira – esteve desaparecido desde domingo. O fato causou grande apreensão no meio esportivo, ainda mais no cenário de tanta sensação de violência por que passa a população goiana.
[relacionadas artigos=”84926″]
Seu reencontro gerou uma sensação, ao mesmo tempo, de alívio e indignação. Alívio, obviamente, porque não havia acontecido o pior; e indignação por motivos diferentes – ele estava se divertindo em um motel e, até por isso, deixou de se apresentar ao trabalho.
O fato é de se lamentar duas vezes: o primeiro é que Marcelo é realmente um treinador em ascensão e pode ter jogado sua carreira fora nesse episódio; o outro é ver que as pessoas usam tais fatos para exercer um moralismo questionável sobre a vida alheia.
Na verdade, se o treinador tivesse sido ido para a praia ou para uma pescaria provavelmente seria “perdoado”, pela diretoria, pelo elenco e pela torcida. Segurariam as pontas por agora e bastaria um bom início de temporada do Dragão para a coisa ir para um segundo ou terceiro plano.
Mas o que há de realmente grave (as duas faltas ao trabalho sem uma causa justa, ocupando uma posição de comando) vira fato secundário por o técnico ter invadido a inclemente área dos “bons costumes”.
Claro que esse fator teria de ser levado em consideração, mas em outro plano: o familiar. Marcelo Cabo é casado e tem três filhos. É roupa suja para eles lavarem em casa – com a ressalva de que problemas assim causam sempre repercussão em âmbito profissional, é preciso admitir.
Agora é manhã de terça-feira, dia 17 de janeiro, e, ao que parece, a demissão do técnico é iminente. O clube tem todo o direito de fazer isso, mas o caso (e o Cabo) ficará marcado não pela indisciplina com relação ao trabalho, mas pelas aventuras sexuais do protagonista, que, até então, tinha sido fundamental para a recuperação do Atlético e sua volta à elite do futebol brasileiro.
Uma pena. Deslizes, às vezes, cobram caros demais.