Casamentos em Goiás crescem acima da média nacional e mostram retomada pós-pandemia
10 dezembro 2025 às 19h44

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O número de casamentos em Goiás voltou a crescer em ritmo acelerado e acima da média brasileira, segundo dados da Pesquisa de Estatísticas do Registro Civil do IBGE referentes a 2024. O estado registrou 33,6 mil uniões civis no ano passado, um avanço de 3,5% em relação a 2023, taxa quatro vezes maior que a observada no Brasil, de 0,9%.
A tendência confirma um movimento de retomada após os impactos da pandemia sobre eventos familiares e cerimônias civis. Para o vice-presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de Goiás (Arpen-GO) e presidente da Associação dos Notários e Registradores do Estado de Goiás (Anoreg-GO), Bruno Quintiliano, o crescimento continuará em 2025 e revela uma mudança de comportamento da sociedade.
“Continuamos percebendo um crescimento contínuo nos casamentos civis no Estado de Goiás. Até novembro, já eram 32.200 registros, e a expectativa é que o ano encerre com cerca de 35.856 uniões”, afirma. Caso a projeção se confirme, o aumento previsto para 2025 será de 6,34% frente ao total registrado em 2024, consolidando, segundo ele, a recuperação quase total do patamar pré-pandemia.
Antes da crise sanitária, Goiás registrava forte demanda: foram 37,3 mil casamentos em 2019. Em 2020, o total despencou para 28,5 mil, impacto direto das restrições impostas no período. “O número de casamentos vem se recuperando ano após ano. Se confirmada a estimativa, 2025 representará 96,1% daquilo que tínhamos antes da pandemia”, explica Quintiliano.
A retomada, de acordo com o dirigente da Anoreg-GO, tem causas sociais claras. Ele aponta que muitos casais adiaram planos durante a pandemia e agora retomam seus projetos de vida, mas com uma postura diferente. “O casamento hoje não é mais um rito automático, é uma escolha. As pessoas estão se casando com mais consciência, planejando melhor a vida a dois e buscando estabilidade afetiva e jurídica”, afirma.
A fala do dirigente é confirmada na transformação observada pelo IBGE no perfil etário dos noivos: desde 2023, mais da metade das mulheres goianas que se casam têm 30 anos ou mais, sinal de adiamento da vida conjugal e maior planejamento familiar. Em 2024, 50,1% das noivas estavam nessa faixa etária
Divórcios recuam pela primeira vez desde 2018
O levantamento também aponta outro fenômeno: a redução do número de divórcios. Em 2024, Goiás registrou 18,8 mil dissoluções matrimoniais, queda de 7,7% em relação a 2023, interrompendo cinco anos de alta consecutiva.
Para Quintiliano, embora as estatísticas não expliquem sozinhas as razões, é possível relacionar o movimento à maior maturidade dos casais. “As pessoas estão se casando com mais diálogo e planejamento. Isso contribui para relações mais duradouras. A queda dos divórcios pode indicar que os casais estão buscando resolver conflitos antes de chegar ao extremo”, avalia.
Além dos casamentos, a pesquisa do IBGE registra outras mudanças significativas na dinâmica populacional goiana:
- menor número de nascimentos em 14 anos, 88,6 mil registros de crianças nascidas e registradas em 2024, queda de 3% em relação a 2023;
- aumento do número de óbito, 46,7 mil registros em 2024, o segundo maior total desde o início da série histórica (2000), atrás apenas do período crítico da pandemia.
Os indicadores reforçam tendências já observadas no país: famílias menores, maternidade mais tardia e envelhecimento populacional.
Perspectiva para 2025
Com projeções animadoras e demanda em alta, os cartórios goianos se preparam para mais um ano de crescimento. Segundo Quintiliano, a formalização das uniões continua sendo vista pela população como um passo importante, tanto no campo afetivo quanto no jurídico.
“O comportamento da sociedade revela que o casamento segue sendo um ato valorizado. Tudo indica que 2025 consolidará essa retomada, com números expressivos e tendência de crescimento para os próximos anos”, completa.
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