Responsável por levar o filho de um praça aposentado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) à morte, uma organização criminosa especializada no tráfico de haxixe, cocaína e drogas sintéticas foi alvo de operação nesta quinta-feira, 27. Ao todo, a Polícia Federal do Distrito Federal cumpre 19 mandados de prisão temporária e 30 de busca e apreensão, além do bloqueio de 22 contas bancárias em Valparaíso de Goiás, DF, Minas Gerais e Alagoas.

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O esquema era comandado pelo casal Matheus Almeida e Cecília Calixto, ambos de 25 anos, que ostentavam uma vida de luxo, curtindo festas luxuosas, viagens para destinos paradisíacos, comprando ouro e até gastando com cirurgias plásticas com médicos renomados. Os líderes da quadrilha ainda mandavam ourives conhecidos forjarem joias exclusivas e sempre circulavam a bordo de carrões. Em dois anos, os traficantes teriam movimentado mais de R$ 10 milhões.

Sofisticado, o grupo tinha Cecília como a principal operadora financeira da organização, que também teve como alvo um homem, de 31 anos, apontado como principal distribuidor da droga no DF. As ordens judiciais englobam ainda contadores, motoristas, batedores (escolta), falsos empresários, laranjas e traficantes associados ao esquema.

Os criminosos faturavam fortunas com a aquisição de drogas em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraguai. Em seguida, as “mulas” — homens e mulheres usados pelos traficantes para transportar a droga — levavam os carregamentos para o DF. Um intermediário da organização se encarregava de revender a droga para outros traficantes que atuam em várias regiões administrativas do DF. O casal comandava tudo de Minas Gerais, onde foram presos.

Investigação 

O banco começou a ser investigado a partir da morte do filho do PM. O homem integrava a organização criminosa, mas chegou a ficar devendo R$ 70 mil aos comparsas. Após ver familiares ameaçados de morte, o rapaz entrou em desespero e tirou a própria vida. 

De acordo com a PC, as mulheres dos traficantes líderes do esquema eram as responsáveis por toda a operação financeira da quadrilha. O fluxo de caixa era enorme e os membros do grupo viviam constantemente em contato para trocar informações sobre o “caminho” do dinheiro amealhado com o tráfico, visto que residiam em diferentes localidades do país.

Especializados na distribuição de haxixe, que possui valor agregado maior que a maconha, os criminosos apostavam no transporte de pequenas cargas. Parte da droga tinha como destino festas com frequentadores de alto poder aquisitivo. Os eventos realizados em praias no litoral baiano, por exemplo, eram embaladas pelas drogas despejadas pelo casal “emergente” do tráfico, conforme a PCDF. 

Lavagem de dinheiro

Durante as investigações, os policiais identificaram que a organização criminosa utilizava a prática de lavagem de dinheiro conhecida como “smurfing”, fragmentando depósitos bancários e pulverizando o dinheiro em diversas contas correntes, sempre em nome de laranjas. Em seguida, os valores eram gastos em viagens, joias, carrões esportivos e outros bens de consumo.

Os traficantes também utilizavam empresas de fachada para tentar ocultar a origem do dinheiro faturado com o intenso tráfico de drogas. No período de um ano, mesmo sendo dona de uma pequena loja de roupas com CNPJ baixado, Cecília Calixto recebeu R$ 500 mil, tendo como principal destinatário dos débitos, o companheiro Matheus Almeida.

O faturamento anual bruto da suposta empresa seria de R$ 70 mil, tendo recebido os R$ 500 mil entre agosto de 2020 e agosto de 2021. Apenas em outubro de 2021, namorada do líder da organização viu R$ 300 mil serem depositados em suas contas bancárias.