Casa tradicional pega fogo em aldeia indígena de Juína, no Mato Grosso; vídeos
26 outubro 2025 às 16h58

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*Com informações de Cilas Gontijo
Uma casa tradicional da aldeia Dolowikwa/Kotakowinakwa, localizada em Juína, no interior do Mato Grosso, pegou fogo neste domingo, 26. A comunidade, que abriga cerca de 1.700 indígenas, ficou em alerta com o incêndio. Uma mulher ficou ferida, com queimaduras na mão, enquanto ajudava a conter as chamas que se espalharam rapidamente pela estrutura de palha e madeira.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o influenciador indígena Manax Enawene, que soma mais de 237 mil seguidores no Instagram, contou que a origem do fogo ainda é desconhecida. “Não sabemos ao certo o que causou o incêndio. Pode ter sido um acidente, mas também existe a suspeita de ação intencional. Foi desesperador, porque o fogo se alastrou rápido e não havia bombeiros por perto”, relatou.
Sem a presença de uma unidade do Corpo de Bombeiros na região, os próprios moradores precisaram agir para impedir que o fogo se espalhasse. De acordo com Manax, os indígenas formaram uma corrente humana e carregaram água em galões e baldes, na tentativa de controlar as chamas. “Fizemos o que estava ao nosso alcance. Foi perigoso, mas não podíamos deixar o fogo atingir outras casas”, disse.

O incêndio foi controlado após o esforço coletivo da comunidade, evitando danos maiores. Agora, os moradores pedem apoio das autoridades locais para investigar as causas do fogo e reforçar a segurança das construções tradicionais, feitas com materiais naturais e mais vulneráveis às chamas.
O episódio expõe a vulnerabilidade das aldeias indígenas em regiões isoladas, onde a ausência de estrutura adequada e de serviços de emergência coloca vidas em risco. Para os indígenas da Dolowikwa/Kotakowinakwa, a tragédia serve como alerta sobre a urgência de políticas públicas que garantam proteção e prevenção a desastres em territórios tradicionais.
“Não temos bombeiros próximos da aldeia. Os mais perto ficam a 180 quilômetros, em Juína (MT), e a 140 quilômetros, em Vilhena (RO)”, relata Manax. Segundo ele, a comunidade já solicitou diversas vezes a criação de uma brigada local, mas o pedido ainda não foi atendido. “Fazemos essa reivindicação há anos, porque, infelizmente, incidentes como esse não são raros”, acrescenta.
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