Cartão de crédito mantém famílias endividadas e pressiona consumo do goianiense na virada do ano
28 dezembro 2025 às 16h06

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O goianiense chega ao fim de 2025 pressionado por dívidas e deve iniciar 2026 no mesmo cenário. O protagonista do avanço da inadimplência é o cartão de crédito, apontam dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). Mais de 65% das famílias endividadas utilizam essa modalidade, em um contexto em que 42,7% dos lares já acumulam contas em atraso e 24,7% dizem não ter condições de quitar as dívidas vencidas no próximo mês.
Em dezembro de 2025, mês tradicionalmente marcado por maior consumo, 74,7% das famílias goianienses estavam endividadas, o equivalente a 416 mil lares. Embora o percentual tenha apresentado leve recuo em relação a novembro, o patamar permanece alto e bem acima do registrado um ano antes (62,3%).
Mais do que o volume de endividados, porém, o que chama atenção é a qualidade do endividamento. O predomínio do cartão de crédito indica que grande parte das dívidas está ligada ao consumo cotidiano — alimentação, contas básicas e despesas correntes — e não a investimentos de longo prazo.
Renda comprometida limita consumo e atividade econômica
A PEIC mostra que 53,8% das famílias comprometem entre 11% e 50% da renda mensal com dívidas, enquanto 11,4% destinam mais da metade dos rendimentos ao pagamento de obrigações financeiras. O comprometimento médio da renda em Goiânia é de 25,7%.
Esse nível reduz a capacidade de consumo futuro e tende a impactar diretamente setores como comércio e serviços, que dependem do gasto das famílias para sustentar a atividade econômica.
Inadimplência avança e atinge mais de 237 mil famílias
A pesquisa revela que 42,7% das famílias de Goiânia estão inadimplentes, percentual que cresceu 5,4 pontos percentuais em 12 meses. Em números absolutos, são 237.505 lares com dívidas em atraso, o maior contingente recente registrado na capital.
O dado sinaliza que o endividamento vem se convertendo, de forma progressiva, em incapacidade de pagamento, pressionado principalmente pelo uso intensivo de modalidades de crédito com juros elevados.
Outro indicador crítico é o da insolvência declarada. Segundo a PEIC, 24,7% das famílias afirmam que não conseguirão pagar as dívidas em atraso, mesmo parcialmente. Em dezembro de 2024, esse percentual era de 20,5%.
Ao todo, 137.310 famílias estão nessa situação em Goiânia, o que aponta risco de exclusão do crédito, aumento da judicialização de dívidas e retração forçada do consumo.
Atrasos longos reforçam ciclo de inadimplência
Entre os inadimplentes, o atraso no pagamento é prolongado. 57,7% das famílias estão com dívidas vencidas há mais de 90 dias, enquanto apenas 13,6% acumulam atraso inferior a 30 dias. O tempo médio de atraso chega a 71 dias, subindo para 73 dias entre famílias com renda de até 10 salários mínimos.
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