Cantora goiana denuncia transfobia após ser coagida a ficar nua em aeroporto
05 março 2018 às 17h35

COMPARTILHAR
Candy Mel contou que dois homens forçaram uma revista física, alegando que, em seus documentos pessoais, constava nome masculino

Candy Mel, vocalista da Banda Uó, passou por uma situação bastante estressante e constrangedora neste fim de semana, após ter sido coagida a ficar nua por funcionários do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, logo antes de embarcar para Brasília.
Segundo relatos da própria cantora, que é transexual, ela foi vítima de transfobia, após dois homens forçá-la a ser revistada, alegando que, em seus documentos pessoais, constava nome masculino.
“Eu estou detida aqui no aeroporto, porque dois caras queriam me revistar alegando que no meu documento constava [nome] masculino. Eles me coagiram, me levaram para uma sala com dois caras para fazer a revista em mim e eu não aceitei. E eu estou aqui, correndo o risco de perder o show de Brasília. (…) Eles não vão tocar em mim, eu não vou cooperar. Eu estava jurando que era uma revista comum de bagagem e de repente eles trancaram a porta (…) e pediram para eu tirar a roupa”, contou ela no Instagram.
A cantora conseguiu embarcar e mais tarde deu continuidade ao relato. Candy contou que permitiu a revista apenas em público e ficou sem camisa em público como forma de protesto à atitude transfóbica.
“No final eu acabei sendo revistada, mas foi em público, eu queria que acontecesse na frente de todo mundo, para que vissem um homem tocando o corpo de uma mulher. A minha forma de protesto, antes dessa invasão, desse abuso, foi ficar sem camisa, com meus seios de fora. Isso foi a minha forma de gritar. Rapidamente eles resolveram o ‘problema’, né? Eles queriam que fosse dentro de uma cabine, que ninguém tivesse visto aquela cena (…). Foi muito violento (…), eu fui tratada como uma criminosa, como alguém que não tinha direito de escolher o procedimento que fosse acontecer, como alguém sem direitos. Todo esse preconceito começa pelo fato de eles selecionarem a pessoa do nada, eles não estavam pedindo o documento de ninguém, eles pediram o meu”, contou.
Goiana de Goianésia, Candy já adiantou que tomará as providências sobre o caso. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a revista física é realizada por um agente do mesmo sexo, independentemente do acionamento do detector de metais. A revista pode ocorrer em local público ou reservado, a critério do passageiro, e com presença de testemunha.
O caso ocorre dias depois após o Supremo Tribunal Federal (STF) garantir o direito de pessoas transexuais de alterar seu nome no registro civil sem a necessidade de realização de cirurgia de mudança de sexo.