Jorge Beltrão Negromonte, condenado por liderar o trio conhecido como os “Canibais de Garanhuns”, está vivendo uma nova realidade dentro do sistema prisional de Pernambuco. Cumprindo pena na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, ele se tornou pastor evangélico e lidera cultos com outros detentos. Apesar de já ter direito à progressão de regime, Jorge recusou a liberdade, afirmando que teme voltar a matar caso deixe a prisão.

O caso de Jorge voltou a repercutir após a circulação de um vídeo nas redes sociais, no qual ele aparece pregando em um culto, de terno e gravata, com um violão nas costas, ao lado de outros dois líderes religiosos. No vídeo, gravado há cerca de um ano, ele cita passagens bíblicas e afirma ter se convertido. “Quem está em Cristo é nova criatura”, declarou, citando 2 Coríntios 5:17.

De acordo com seu advogado, Giovanni Martinovich, Jorge está efetivamente envolvido com a fé cristã e atua como pastor da unidade há mais de dois anos. “Ele quer viver preso como pastor. Lá dentro, escolheu o caminho do bem”, afirmou.

Diagnosticado com esquizofrenia, Jorge já poderia cumprir pena em prisão domiciliar, mas recusou o benefício por acreditar que, em liberdade, poderia sofrer uma recaída. “Se sair, volto a escutar aquelas vozes. Volto a matar”, declarou a seu advogado e também durante julgamento anterior. Além disso, Jorge teme ser alvo de violência fora da prisão. “Ele acredita que, se souberem que é o canibal, será assassinado. Por isso, prefere permanecer onde está”, disse Martinovich.

O defensor informou que não pretende solicitar revisão da pena ou mudança de regime por considerar que o cliente está mais seguro recluso. “Já mandaram esse vídeo dezenas de vezes, achando que é encenação. Mas não é. Lá dentro, ou você escolhe o bem ou o mal”, acrescentou.

Entenda o caso

Jorge Beltrão Negromonte foi condenado a mais de 70 anos de prisão por envolvimento em crimes que chocaram o país em 2012. Ele, a esposa e uma amante formavam o grupo conhecido como “Canibais de Garanhuns”. O trio assassinou pelo menos três mulheres, esquartejou os corpos e, segundo as investigações, consumiu parte da carne das vítimas. Parte do material também teria sido utilizado como recheio de salgados vendidos à vizinhança. Os crimes aconteceram em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, e ganharam repercussão internacional.

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