Caixa dois para a campanha de José Serra foi pago por meio de conta na Suíça, diz Odebrecht
28 outubro 2016 às 09h32

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Delação premiada de executivos da empreiteira revela que os operadores do repasse eram dois parlamentares próximos a Serra

Parte dos R$23 milhões repassados pela Odebrecht via caixa dois para a campanha presidencial do atual ministro das Relação Exteriores, José Serra (PSDB) em 2010 foi feita por meio de uma conta na Suíça e negociada pelo deputado federal Ronaldo Cezar Coelho (ex-PSDB e atualmente no PSD), na época, integrante da coordenação política da campanha.
A informação é fruto de delação premiada de executivos da empreiteira à Operação Lava Jato e foi divulgada nesta sexta-feira (28/10) pelo jornal Folha de S. Paulo. Ainda segundo os relatos, o caixa dois operado no Brasil foi negociado com o ex-deputado Márcio Fortes (PSDB-RJ).
As negociações foram relatadas pelo presidente do conglomerado entre os anos de 2002 a 2009 e atual membro do conselho administrativo da holding Odebrecht S.A., Pedro Novis e pelo diretor Carlos Armando Pascoal, conhecido como CAP e que atuava em contato com políticos e negociação de doações para campanhas eleitorais.
Os repasses foram mencionadas nas negociações de acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, e a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a empreiteira doou oficialmente em 2010, R$2,4 milhões para o Comitê Financeiro Nacional da campanha do PSDB à Presidência da República. Os executivos disseram que o valor do caixa dois foi acertado com a direção nacional, que depois distribuiria parte dos R$23 milhões a outras candidaturas.
Por meio de assessoria, José Serra disse que “não vai se pronunciar sobre supostos vazamentos de supostas delações relativas a doações feitas ao partido em suas campanhas” e ainda reiterou que não cometeu irregularidades.