O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou nesta terça-feira, 2, que a autoridade legal do presidente da República deve se sobrepor a qualquer poder exercido por organizações criminosas. Em entrevista à Record News, ele declarou que “a caneta do presidente é mais forte do que qualquer fuzil de miliciano ou de faccionado” e defendeu que o próximo chefe do Executivo tenha independência moral para enfrentar o crime organizado.

Pré-candidato à Presidência da República em 2026, Caiado apresentou resultados de sua gestão como argumento para sustentar suas posições. “Esta é a coragem que tem de ter o presidente para resgatar a soberania brasileira, levar paz à população e fazer o país crescer, como nós fizemos em Goiás”, afirmou.

Segundo o governador, o estado ocupa posição de destaque nacional na política de segurança pública, com reduções gradativas em todos os indicadores criminais, chegando a quedas de até 90% em algumas taxas. Ele atribuiu os resultados à integração das forças de segurança e ao investimento contínuo no setor.

Durante participação no Jornal Goiás Record, Caiado voltou a criticar a atuação do governo federal no combate ao crime e afirmou que o setor que mais cresceu no país, nas últimas décadas, foi o da criminalidade. “Historicamente, o que mais avançou no país não foi nenhuma área de indústria, de prestação de serviço ou de logística. O que teve crescimento em proporção exponencial foi o crime”, disse, ao mencionar as gestões de Dilma Rousseff e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, nesse período, a criminalidade encontrou um ambiente favorável à expansão.

De volta à agenda pública após passar por um procedimento de ablação cardíaca no dia 24 de novembro, o governador também participou de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, que discutiu a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública. Ao comentar o texto enviado pelo governo federal ao Congresso, Caiado apontou complacência da União. “Hoje a preocupação primeira em todas as pesquisas é exatamente a violência, a ocupação das facções criminosas e o quanto, realmente, eles estão invadindo a soberania brasileira e escravizando pessoas”, declarou.

Legado da gestão

Em tom de despedida administrativa, já que deixará o governo em março de 2026 para disputar a Presidência, Caiado fez um balanço de sua gestão e afirmou que o cuidado com as pessoas é o principal legado de seu mandato. “O maior legado que eu deixo é cuidar das pessoas”, disse.

O governador destacou os avanços em áreas como educação, redução da pobreza, infraestrutura, inovação tecnológica, regionalização da saúde e a adoção de uma política com abordagem humanizada e proximidade com a população. “Sempre quis que os cidadãos se sentissem orgulhosos de morar no Estado de Goiás”, afirmou.

Em março de 2026, Caiado passará o comando do Estado ao vice-governador Daniel Vilela (MDB). Mesmo em recuperação, o governador reafirmou o compromisso com a gestão até o fim do mandato. “Estou com oito dias de pós-operatório, evoluindo bem, mas ainda com cautela. Após a recuperação orçamentária, o próximo ano será dedicado às obras estruturantes”, concluiu.

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