O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) avalia como “extremamente positiva” a candidatura de Flávio Bolsonaro (PL) à presidência da República. Para ele, o movimento reorganiza o tabuleiro da direita e centro-direita, ao impedir que as articulações nacionais conduzam o campo conservador a uma candidatura única: cenário que na sua avaliação favorece o governo do presidente Lula (PT) que concentraria ataques e pressões em um só adversário.

Ao apontar que a decisão é irreversível, Caiado toca em um ponto sensível da disputa: a resistência de partidos e lideranças regionais ao que descreve como “garroteamento”, isto é, a tentativa de impor a convergência em torno de um único nome, muitas vezes em diálogo interno ou respeito às lideranças.

Na leitura do governador, a pulverização das candidaturas não enfraquece a oposição; ao contrário, a protege. “Cada partido vai cuidar do seu”, disse, ressaltando que a fragmentação distribui riscos e dilui o poder de fogo da máquina federal.

Há ainda outra camada no raciocínio de Caiado — mais simbólica e política. Ele associa a decisão de Jair Bolsonaro de endossar o próprio filho à disputa pela perda de confiança em interlocutores que, segundo ele, teriam rompidos compromissos políticos, especialmente no tema da anistia. O governador cita diretamente o presidente da Câmara e o do Senado, apontados como exemplos de lideranças que, na avaliação bolsonarista, não sustentaram bandeiras consideradas cruciais para o grupo

A escolha de Flávio como candidato, nesse contexto, surge como um gesto de autopreservação do espólio político de Jair Bolsonaro. “O essencial é que ele decidiu que não vai transferir o espólio dele para ninguém”, afirma Caiado.

Trata-se, em sua visão, de uma opção por manter o capital político dentro da própria família, evitando repassar influência a nomes que amanhã poderiam romper alinhamentos ou não retribuir a lealdade.

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