O cheiro do café sendo passado é algo realmente único, pelo menos é o que sente todo amante dessa bebida tão brasileira. De inigualável sabor, o cafezinho traz diversos benefícios para a saúde. Segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC), a cada três xícaras de café consumidas no mundo, ao menos uma é brasileira – já que o país domina, igualmente, um terço da produção e da exportação.

Pesquisas recentes indicam que o consumo do café sem açúcares ou adoçantes pode potencializar a conexão neural. Essa descoberta, publicada na revista científica americana Nature Neuroscience, relaciona o consumo da bebida com processos neurais específicos e mecanismos de proteção celular.

Em entrevista ao Jornal Opção, o neurologista Sávio Nogueira Beniz explica que essa conexão neural se dá pela reação química da cafeína.“ A liberação de neurotransmissores fazem o funcionamento cerebral ficar melhor. O consumo do café aumenta o tônus glutamatérgico, que é um tônus excitatório para o sistema nervoso central. Alguns estudos falam também sobre neuroplasticidade, que melhora o funcionamento das vias corticais superiores”.

Neurologista, Sávio Nogueira Beniz | Foto: Arquivo Pessoal

Os pesquisadores observaram, especificamente, efeitos diretos no hipocampo, a região do cérebro associada fundamentalmente à memória. Isso indica que o hábito, sempre sob a condição de consumo moderado, confirma propriedades que vão muito além do simples prazer do aroma ou do sabor.

“O aumento do tônus glutamatérgico colabora para um crescente liberação de neurotransmissores que participam da memória, como a dopamina e acetilcolina. Eles facilitam a formação de memórias e a manutenção delas de uma forma mais razoável por um tempo maior”, informa Sávio.

O neurologista enfatiza que o melhor mesmo é tomar café sem açúcar. “Facilita mais tempo de manutenção da cafeína nesses terminais sinápticos e evita picos glicêmicos. Pois esses picos podem prejudicar a liberação dos neurotransmissores”.

Controle de peso

Café acelera o metabolismo basal | Foto: Reprodução

A revista Nature Neuroscience publicou ainda que o café sem açúcar é uma bebida com baixo teor de gorduras e calorias, capaz de favorecer a perda de peso. Isso acontece devido ao impacto físico e metabólico. O primeiro é o aumento da termogênese, o processo pelo qual o corpo gera calor e a queima de energia é intensificada. Segundo ponto refere-se a aceleração do metabolismo basal. A bebida ajuda o organismo a processar os nutrientes de forma mais rápida.

O neurologista esclarece que existe diferença, sim, entre o consumo do café com ou sem açúcar. “O consumo do café sem açúcar pode melhorar essa função da cafeína, sistema nervoso central, e facilitar a formação de neurotransmissores excitatórios para várias áreas cognitivas superiores. Os adoçantes também podem prejudicar a funcionalidade da cafeína da mesma forma que o açúcar”.

Proteção cardiovascular e celular

A indicação médica é duas a três xícaras de café ao dia | Foto: Reprodução

Além dos benefícios ao cérebro e ao peso, os grãos de café possuem um perfil químico que os tornam uma fonte poderosa de antioxidantes. Eles protegem o corpo contra a oxidação celular e combatem os radicais livres, fatores determinantes no desgaste dos tecidos e no envelhecimento precoce.

A pesquisa também indica significativas vantagens para o sistema circulatório, pois a bebida ajuda prevenir a obstrução arterial, uma propriedade determinante para reduzir o risco de desenvolver patologias associadas ao fluxo sanguíneo e problemas cardíacos.

A dica do neurologista é optar pelo café coado, tanto no coador de pano como no de papel. Quando o café não é coado, tipo expresso, ou na prensa, eles podem ter o cafestol e outros lipídios, que podem se acumular ali – o que não é muito interessante. “Evite tomar o café a partir das 15h, porque essa excitabilidade causada por ele pode prejudicar o sono, na maioria das pessoas. O melhor horário para se tomar o café é no período da manhã”, completa.

Para finalizar Sávio Nogueira Beniz indica tomar em torno de duas a três xícaras de café ao dia, pois, com esse quantitativo, já se consegue a cafeína necessária para melhorar o neurometabolismo.

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