Brasil recorre à OMC contra tarifas impostas por Trump e tem apoio do Canadá, Brics e União Europeia

23 julho 2025 às 16h06

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O Brasil teceu críticas ao uso crescente de tarifas como instrumento de coerção política por parte de grandes potências durante o conselho geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra. As críticas, no entanto, não citaram diretamente os Estados Unidos ou Donald Trump. O Brasil também apelou para que outros países acelerarem reformas para salvar o sistema comercial multilateral baseado em regras comuns.
A fala do embaixador Philip Fox-Drummond Gough, no entanto, foi interpretada como uma reação à ameaça de Trump impor tarifas de 50% a produtos brasileiros a partir do dia 1º de agosto. As tarifas, de acordo com carta enviada pelo presidente dos EUA, está conectada ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que Trump chamou de “caça às bruxas”.
“Tarifas arbitrárias, anunciadas e implementadas de forma caótica, estão desestruturando as cadeias globais de valor e correm o risco de lançar a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação”, disse Gough, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty. “Estamos testemunhando agora uma mudança extremamente perigosa em direção ao uso de tarifas como uma ferramenta na tentativa de interferir nos assuntos internos de terceiros países. As negociações baseadas em jogos de poder são um atalho perigoso para a instabilidade e a guerra”, completou.
Ele também afirmou que o Brasil mantém compromissos com o Estado de Direito e a solução pacífica de controvérsias. “Mas, se as negociações fracassarem, recorreremos a todos os meios legais disponíveis para defender nossa economia e nosso povo”.
Por fim, ele reforçou a necessidade de uma reforma da OMC. Gough disse que, enquanto o mundo observa um “ataque sem precedentes ao sistema de comércio multilateral e à credibilidade da OMC”, as instancias de resolução do órgão estão paralisadas.
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