Folha de S. Paulo afirma haver pressão no STF e no Congresso pelo afastamento do ministro da Justiça

Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou neste sábado, 27, que não compete ao ministro da Justiça Sergio Moro a decisão sobre a destruição das mensagens capturadas por quatro supostos hackers presos, esta semana. “Cada um de nós pode pensar e até torcer por alguma coisa. O Moro não fala nada que a lei não permita fazer”, afirmou Bolsonaro acerca das declarações do ministro, que suscitou a destruição dos materiais obtidos por supostos hackers em invasões a smartphones de autoridades.

Reportagem publicada neste sábado, 27, pelo jornal Folha de S. Paulo mostrou que reacendeu a pressão de alas do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso para Moro fosse afastado até a apuração dos fatos. De acordo com o apurado pelo jornal, a avaliação de ministros da corte e de parlamentares da cúpula da Câmara e do Senado é a de que Moro extrapolou os limites de sua competência como ministro de Estado ao indicar que teve acesso a dados de uma investigação sigilosa da Polícia Federal.

A Folha afirma que a suposta quebra do sigilo do inquérito e o possível abuso de autoridade de Moro “tornaram-se eixos de um processo de desestabilização”. Em conversas reservadas, diz a reportagem, políticos e magistrados dizem que a permanência do ministro no governo de Jair Bolsonaro (PSL) ficou insustentável e defendem que ele se afaste do cargo até a conclusão das investigações.

Bolsonaro afirmou que a chance de Moro estar estremecido no cargo é “zero”. “Eu tenho total confiança nele. Parabéns ao Sergio Moro, mostrou as entranhas da corrupção no Brasil. Aquele cara que está preso em Brasília alguém acha que não sabia o que estava acontecendo? Delatores já devolveram mais de R$ 1 bilhão. A Petrobras foi à lona, fundo de pensão também”, alegou o presidente.

O presidente classificou como “invasão criminosa” a ação de capturar e divulgar mensagens nos smartphones de autoridades. “Eu não tenho esse problema [sobre eventual vazamento] porque nada trato de reservado ou confidencial nos meus telefonemas”, informou.

Um dos quatro presos sob suspeita de ter invadido os aparelhos celulares de autoridades, Walter Delgatti Neto é acusado pela PF de ser a fonte do material que tem sido publicado desde junho pelo site The Intercept Brasil. O material contem conversas de autoridades da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, entre os quais o então juiz Sergio Moro.

Em depoimento, revelado pela Folha, Delgatti disse que encaminhou as mensagens ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site, de forma anônima, voluntária e sem cobrança financeira.