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Em entrevista à Crusoé, vice-presidente fala sobre relação com presidente, ataques sofridos e mais

Foto: Agência Brasil

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), que já esteve no holofote por diversas vezes nesse início de mandato, com opiniões divergentes de Bolsonaro (PSL) tem diminuído o ritmo de comentários. Isso, provavelmente, porque foi pedido a ele pelo próprio líder do Executivo, que moderasse na exposição.

“Vamos diminuir um pouco a exposição, vamos manter um perfil moderado nas coisas. Foi um pedido dele”, relatou Mourão sobre o pedido recebido à Crusoé, com quem falou em seu gabinete. Entre os desencontros de pensamento, Hamilton se posicionou pela decisão da mulher em caso de aborto; disse que o armamento não era o melhor caminho para combater a violência; e que o Brasil perde quando pessoas que divergem não podem se sentar na mesma mesa – comentário feito sobre a retirada de nomeação de Moro (ministro da Justiça) a uma cientista política, que desagradou Jair.

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Sob ataque

Esse e outros posicionamentos fizeram com que alas mais radicais do bolsonarismo atacassem o vice, inclusive com acusações de que ele estaria de olho na presidência.

“Não sei o que deu na cabeça desses caras. Mas o presidente já entendeu há muito tempo que sou uma linha auxiliar dele”, comentou à revista.

Porém, apesar dos pedidos de discrição, Mourão ainda fala, quando perguntado. Sobre a saída do general Carlos Alberto Santos Cruz da secretaria de Governo, o vice diz a revista seu ponto de vista.  “O Santos Cruz ficou chateado com aquela história das mensagens montadas e pediu para abrir um inquérito. Acho que ali eles andaram se estressando”

Temas debatidos

A entrevista abordou outros diversos temas, dentre eles o possível emparedamento do Supremo e do Congresso, que Mourão negou. Apesar disso, ele defendeu a articulação, em especial no caso da reforma da Previdência.

“É um jogo de paciência. Paciência no sentido que você tem que negociar, conversar, ir lá para dentro do Congresso. Não adianta você se exasperar e dizer: por que não aprovaram a Previdência até agora? Eles vão aprovar. Mas vão aprovar no tempo que lhes convêm”.

Sobre a relação com o presidente, inclusive, ele garante que está “ótima”. Segundo ele, “tivemos aqueles problemas ali na época que o Olavo de Carvalho resolveu me atacar, (o deputado Marco) Feliciano, não sei mais o quê. Mas o presidente já entendeu há muito tempo que sou uma linha auxiliar dele”.

Lava Jato

Dentre os temas, ele também falou da Lava Jato e da invasão hacker aos aparelhos dos membros da força-tarefa, e, inclusive, do então juiz e hoje ministro, Sergio Moro, a quem ele confia plenamente.

Para ele, a soltura do ex-presidente Lula (PT) até pode ser um dos objetivos do invasor, mas o principal seria destruir imagem do Moro. “É um ataque ao maior patrimônio dele, que são a honra e a integridade dele”.