Bolsonaro herda R$ 292 bi em investimentos engatilhados
05 janeiro 2019 às 14h31

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Projetos estratégicos nos setores de energia elétrica e de transportes lideram investimentos já mapeados

Levantamento feito pelo banco Itaú BBA aponta que os projetos de infraestrutura já contratados ou engatilhados têm um potencial de investimento de R$ 339 bilhões nos próximos anos. De acordo com a Folha de S. Paulo, do total, R$ 291,6 bilhões devem se concentrar em cinco anos – ou seja, a maior parte ocorrerá no governo Jair Bolsonaro.
São obras do porte da rodovia BR-364/365, que liga Uberlândia (MG) a Jataí (GO), ou da ferrovia Norte-Sul, em construção há cerca de 30 anos, mas que tem trechos com edital já publicado e leilão marcado para março.
Para o chefe de infraestrutura e logística na área de project finance do Itaú BBA, Rogério Yamashita, o potencial de investimento pode ser ainda maior. “Temos conversado com o governo e ele tem um planejamento enorme de projetos para serem realizados e que não estão mapeados aqui porque ainda são ideias. O que colocamos nas previsões são projetos que já têm estudos”, afirmou.
O setor de energia elétrica é o principal responsável por esses investimentos já mapeados. Do valor total, R$ 202 bilhões deverão ser investidos em novas usinas geradoras e linhas de transmissão. Em seguida, vem o setor de transportes, com projetos de rodovias (R$ 79 bilhões), aeroportos (R$ 34 bilhões) e ferrovias (R$ 24 bilhões).
Apesar das cifras bilionárias, o valor está longe do ideal, avalia Claudio Frischtak, presidente da Inter.B, especializada em infraestrutura. Para ele, em um cenário otimista, uma retomada significativa ocorrerá apenas em três anos, a partir de 2022.
Em 2019, os investimentos em infraestrutura deverão representar 1,6% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, apontam cálculos da consultoria. A taxa ficaria em um patamar semelhante à do ano passado, de 1,7% do PIB. O ideal, diz Frischtak, era que os investimentos chegassem a 4% da economia do país.
“O nível ainda é muito baixo. Mesmo que o governo acerte em todas as dimensões, a retomada começará só em 2020, e os investimentos em infraestrutura chegarão a um nível ideal só no fim do quarto ano do mandato de Bolsonaro, na melhor das hipóteses”, afirmou.
Para ele, a recuperação dependerá de fatores como a realização de reformas estruturais, a melhora do cenário fiscal e a manutenção de uma equipe qualificada para lidar com infraestrutura, entre outros.