Bolsonaro cita diretor da OMS e modula discurso
31 março 2020 às 21h27

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Presidente, no entanto, manteve fala sobre necessidade de salvar empregos

Ao tentar modular o discurso, o presidente Jair Bolsonaro citou duas vezes o diretor-presidente da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em pronunciamento na noite desta terça-feira, 31, em cadeia nacional de rádio e televisão. Ele taxou a pandemia de Covid-19, doença causada pelo coronavírus (Sars-Cov-2), como “o grande desafio de nossa geração”.
Bolsonaro disse, no pronunciamento, se colocar no lugar das pessoas e entender suas angústias e que as medidas protetivas devem ser tomadas de forma racional e coordenada.No entanto, ao citar a fala do diretor-presidente da OMS, afirmou que é preciso salvar vidas, mas com a responsabilidade de manter empregos, sobretudo dos mais pobres.
“[Tedros Adhanom] disse saber que muitas pessoas, de fato, têm que trabalhar todos os dias para trabalhar seu pão diário e que os governos têm que levar essa população em conta. Se fecharmos ou limitarmos movimentações, o que acontecerá com essas pessoas que têm que trabalhar todos os dias e têm que ganhar o pão de cada de dia, todo os dias? […] Então, cada país, baseado em sua situação, deveria que responder a essa questão”, afirmou.
Bolsonaro falou que não se vale das palavras de Tedros para negar a importância das medidas de prevenção e controle da pandemia. Mas citou vendedores de churrasquinho, camelôs, ambulantes, ajudantes de pedreiro e caminhoneiros que deveriam ser considerados como mais vulneráveis. Enumerou, ainda, as ações do governo para tentar conter a crise econômica advinha da pandemia.
Ainda na manhã desta terça, o presidente já havia citado o discurso de Tedros salientando que era preciso salvar empregos. A OMS, no entanto, negou que a fala do diretor-presidente tenha sido contra medidas de isolamento social e reforçou a cobrança dos governos por políticas sociais para atender quem perdeu renda por causa do combate ao coronavírus.
Ao citar o coronavírus disse se tratar de uma realidade, que não possui vacina ou remédio e reiterou a hidroxicloriquina por “parecer bastante eficaz”.
Panelaços
Durante o pronunciamento, diversos pontos de Goiânia registraram panelaços contra o presidente Jair Bolsonaro.
