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“‘Fim da extrema-direita’: imprensa estrangeira repercute eleição do Brasil”, diz título da revista “Veja.

O título da “Veja” reflete mais “desejo” do que realidade. A direita, ou extrema-direita — leia-se Jair Bolsonaro, do PL —, perdeu a Presidência da República do Brasil para a esquerda, ou seja, para Lula da Silva, do PT.

Mas há três questões a se examinar.

1

Primeiro, a vitória de Lula da Silva não foi por um placar elástico. O petista obteve 60.345.999 (50,90%) e Bolsonaro conquistou 58.206.354 (49,10%). A diferença, de 2.139.645 votos (pró-Lula da Silva), mostra o quão o país está, politicamente, dividido entre esquerda e direita. Diferença percentual: 1,8.

Portanto, há um eleitorado gigante que não optou pela esquerda e, certamente, não se tornará de esquerda nos próximos anos. Políticos que apoiaram Bolsonaro, notadamente os do PL e do pP, certamente se afastarão do presidente e se aproximarão do governo de Lula da Silva. Mas, quanto aos eleitores, que foram radicalizados e se tornaram militantes informais, não se sabe o que acontecerá. A tendência é que se mantenham fiéis ao bolsonarismo.

2

Segundo, o bolsonarismo ganhou o governo de São Paulo, Estado que, em termos de economia e população (e eleitores), é um “país” gigante. Seu PIB é maior do que o da Argentina e o do Chile. A vitória de Tarcísio de Freitas, do PL, para governador indica a força do bolsonarismo no Estado mais rico e desenvolvido do país.

A partir de São Paulo, mesmo Tarcísio de Freitas sendo um bolsonarista moderado, pode-se montar uma frente de oposição para a disputa de 2026, quando a direita, ou extrema-direita, estará a postos para tentar retirar o PT do poder.

3

Além de São Paulo, o bolsonarismo elegeu o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, um político, até pouco tempo, anódino. Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema não é um bolsonarista-raiz, mas é alinhado.

Nos três Estados mais ricos do país, com maiores populações (e eleitores), a direita se mantém forte. O que pode, inclusive, ser um problema para a governabilidade de Lula da Silva.