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O primeiro turno da eleição presidencial na Bolívia, realizado neste domingo, 18, terminou com uma virada histórica: dois candidatos de direita disputarão o segundo turno, marcado para 19 de outubro, encerrando duas décadas de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS).

O senador Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), liderou a votação com 32,1% dos votos, seguido pelo ex-presidente Jorge Quiroga, da coalizão Libre, com 26,8%, segundo contagem preliminar do Tribunal Superior Eleitoral com 92% das atas apuradas. O candidato do MAS, Eduardo del Castillo, obteve apenas 3,16%.

A vitória de Paz e Quiroga reflete o desgaste do MAS diante da crise econômica do país, marcada por escassez de combustíveis, produtos básicos e inflação anual de quase 25%, a maior em 17 anos. O atual presidente, Luis Arce, optou por não disputar a reeleição e prometeu uma “transição democrática” ao vencedor.

Paz, considerado de centro-direita, superou as expectativas e ultrapassou o favorito das pesquisas, Samuel Doria Medina (Alianza Unidad), que ficou em terceiro com 19,85%. Nascido na Espanha, Paz já foi deputado e prefeito e apresenta um plano de governo baseado no que chama de “capitalismo para todos”, incluindo salário universal para mulheres, corte de gastos do Estado, combate à corrupção, acesso facilitado a crédito e reforma tributária para incentivar a indústria nacional.

Quiroga, engenheiro e ex-funcionário da IBM, centrou sua campanha na estabilização econômica, combate à inflação e abertura de mercados internacionais, com acordos de livre comércio com China, Japão e Europa. Inicialmente aliado de Doria Medina, rompeu o bloco oposicionista por divergências na escolha do candidato.

Ambos os finalistas defendem que Evo Morales preste contas à Justiça. Primeiro presidente indígena do país, Morales teve a candidatura barrada e fez campanha pelo voto nulo. Ele enfrenta investigação por suposto estupro de uma adolescente, acusação que nega, e permanece isolado em um povoado central da Bolívia, protegido por simpatizantes.

Além da eleição presidencial, 7,9 milhões de bolivianos votaram para renovar o Congresso, formado por 166 membros. Os resultados indicam que o próximo presidente terá de governar com um parlamento majoritariamente de direita, mas fragmentado.

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