Aumento no índice de cárie dentária revela necessidade de atendimento especializado a adolescentes
08 dezembro 2025 às 12h38

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O aumento do índice de cárie e doença periodontal em adolescentes tem chamado a atenção de especialistas. De acordo com os resultados do último levantamento epidemiológico de saúde bucal, no Brasil, 64,8% das crianças de 12 anos apresentavam cárie dentária. Já nos adolescentes entre 15 e 19 anos, a prevalência do problema bucal foi de 52,9%. Quanto à condição periodontal aos 12 anos de idade, 37,1% das crianças apresentavam sangramento gengival, enquanto 49,1% dos adolescentes entre 15 a 19 anos tinham o mesmo problema.
Profissionais da área tem levantando discussões de que a saúde bucal dos adolescentes não anda excelente e tem se agravado cada vez mais pelo alto consumo de energético, distúrbios alimentares (bulemia / anorexia), uso de cigarros eletrônicos e utilização de piercing bucal. Portanto, o adolescente é um paciente, que demanda uma atenção especial por parte do cirurgião-dentista.
Primeiramente, por merecer atenção especial no manejo comportamental, uma vez que ele não deve ser encarado nem como uma adulto pequeno, nem como uma criança grande. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define adolescente como o indivíduo, que se encontra entre os 10 e 19 anos. Já a Academia Americana de Odontopediatria, que tem como foco o atendimento odontológico desta faixa etária, divide a adolescência em três faixas etárias: adolescência precoce (11 aos 14 anos de idade); média adolescência (15 aos 17 anos de idade) e adolescência tardia (18 aos 21 anos de idade).
Além disso, é um momento da vida em que o monitoramento deve ser mais minucioso, já que se pode observar um certo descuido com os hábitos saudáveis por parte dos adolescentes. Isso pode vir desde conflitos internos do adolescente até por atitudes de rebeldia.
Odontohebiatria
Embora não seja uma especialidade, a odontohebiatria é uma área dentro da odontopediatria que é focada no atendimento de adolescentes, segundo a professora titular da Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Ilda Fiuza. A profissional também é coordenadora da Especialização em Odontopediatria dessa mesma universidade.
“No Brasil, nós temos mais de 19 milhões de adolescentes e o odontopediatra atende mais a criança, enquanto que o clínico geral atende os adultos. E nós temos essa lacuna: de adolescentes com falta de atendimento específico para a saúde bucal”, contextualiza ao Jornal Opção.
Segundo o levantamento feito pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO-GO) existem hoje 561 odontopediatras em Goiás. As especificidades de atendimento a esse público, na concepção da coordenadora da Especialização em Odontopediatria da UFG, envolvem várias questões. “Tem que ser uma pessoa que consiga fazer um diálogo, que conheça o comportamento, tanto psicocognitivo, como as mudanças comportamentais desse adolescente”.
Saúde bucal
Em relação aos cuidados com a saúde bucal, Ilda Fiuza afirma que os preceitos são os mesmos: higiene bucal três vezes ao dia, com escova macia, cabeça pequena, creme dental com flúor e uso do fio dental, pelo menos duas vezes por dia. Segundo a dentista, nesta fase da vida, a maior preocupação é com a rebeldia dos adolescentes. Comportamento, este, que resulta em uma insistência contínua dos pais para que eles escovem os dentes.

De acordo com a professora de Odontologia da UFG, o não cuidado ocasiona o aumento de cárie e também da doença periodontal. “Com a falta de escovação e com a não utilização do fio dental, nós vamos ter o biofilme, que é o acúmulo daquela ‘massinha’ que vai inflamar a gengiva. Então, a gente tem uma gengivite”.
Em caso de necessidade, Ilda Fiuza lembra que o profissional da área pode indicar um bochecho com flúor. “O adolescente tem que estar motivado para esse autocuidado. Do mesmo jeito que ele, às vezes, tá motivado para cuidar do cabelo ou das unhas. Ele também tem que estar motivado para cuidar da própria saúde bucal”, complementa.
Como o adolescente não é mais uma criança e também não é um adulto, a professora Ilda Fiuza enfatiza que o atendimento a esse público precisa ser individualizado. “Ele precisa procurar um profissional, que tenha esse canal de diálogo aberto com o adolescente para poder motivá-lo e orientá-lo”. Por fim, complementa que ter um sorriso bonito, nessa etapa da vida, implica até mesmo em uma melhor autoaceitação dentro da sociedade.
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