Atrito entre Lula e Trump fortaleceu governo; entenda
17 julho 2025 às 17h05

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O atrito entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o governo Lula (PT) favoreceu o petista, que enfrentava dificuldades políticas e a queda de popularidade. As tarifas impostas por Trump a produtos brasileiros e, principalmente, a resposta de Lula em relação ao caso foi bem vista pela população. O presidente brasileiro defendeu a soberania do país e, com isso, viu sua popularidade crescer.
A tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, impostas por Trump, tem motivação política. O presidente dos EUA alega que o Brasil persegue o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Taxamos 50% em um caso, o Brasil, porque o que estão fazendo com o ex-presidente é uma desgraça.”
Em carta enviada a Lula, Trump disse que considera Bolsonaro um homem honesto, e chamou o julgamento do ex-presidente no STF de “vergonha internacional” e “Caça às Bruxas”. O discurso evidenciou o viés político. Aliados de Bolsonaro ficaram do lado de Trump, indo contra os interesses do Brasil.
Além disso, o governo do republicano colocou o Pix no centro da disputa. Representação enviada dos EUA contra o Brasil menciona indiretamente o sistema de pagamentos instantâneos, criado pelo Banco Central.
O Planalto suspeita que o Pix tenha incomodado grandes empresas do setor financeiro americano e que seja usado como justificativa para pressionar o Brasil. Hoje, o Pix é usado por mais de 150 milhões de brasileiros e se tornou um símbolo de inclusão e inovação.
Com isso, Lula subiu o tom contra Trump. “Se o Trump morasse no Brasil e tentasse fazer aqui o que fez no Capitólio, certamente estaria julgado e preso.” Ele também criticou a carta enviada pelo presidente dos EUA. “A carta é o seguinte: ou dá ou desce. Ou liberta o Bolsonaro porque o filho dele está aqui me enchendo o saco. Liberta meu pai, liberta meu pai.”
Outro ponto que ajudou o crescimento de popularidade de Lula foi o veto ao projeto de lei que aumentava o número de deputados federais. O texto, aprovado no Congresso, era uma alternativa à decisão do STF que determinou a redistribuição das cadeiras com base no Censo de 2022. Mas a solução encontrou resistência popular: 85% dos brasileiros disseram ser contra a medida, segundo a pesquisa Quaest.
O veto de Lula evitou desgaste e reforçou imagem de responsabilidade fiscal do governo. Lula vem acumulando derrotas no Congresso e é alvo de críticas por falta de articulação política. O veto, no entanto, foi visto como gesto de força.
Membros do centrão admitem que não há ambiente político para tentar derrubar o veto, o que consolida a vitória do governo neste ponto.
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