Esta sexta-feira, dia 12 de dezembro, definitivamente não está sendo um bom dia para o bolsonarismo. Não mesmo. Um dia depois de anular a decisão da Câmara dos Deputados e manter a cassação da deputada Carla Zambelli, uma das expoentes mais fiéis do movimento bolsonarista, o ministro do STF Alexandre de Moraes, visto como o nêmesis do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, foi removido pelo governo Trump da lista de sancionados pela Lei Magnitsky.

A movimentação do presidente norte-americano, antes defensor veemente de Bolsonaro, foi um tipo de golpe de misericórdia no restinho ínfimo de influência que o deputado federal Eduardo Bolsonaro ainda tinha (ou dizia ter) em Washington.

Claro, a notícia deixou atordoados bolsonaristas que ainda se recuperavam do fato de Donald Trump ter se aproximado de Lula e voltado atrás nas sobretaxas em produtos brasileiros – impostos esses que o próprio Eduardo clamava ter o poder de aumentar ou reduzir.

Pelo X, Eduardo publicou uma manifestação. Na nota, o parlamentar diz ter recebido “com pesar” a notícia de que Moraes, tido por ele como algoz de seu pai, não mais figurava na relação de sancionados pelos EUA. O sentimento revelado por Eduardo, claro, era esperado e compreensível. Mas o que chamou atenção foi o culpado da vez.

Na nota, o filho do ex-presidente diz lamentar “que a sociedade brasileira, diante da janela de oportunidades que teve em mãos, não tenha conseguido construir a unidade política necessária para enfrentar seus próprios problemas estruturais”. “A falta de coesão interna e o insuficiente apoio às iniciativas conduzidas no exterior contribuíram para o agravamento da situação”, completa.

Sim, foi isso que o nobre leitor percebeu. Desorientado e visivelmente furioso, Eduardo Bolsonaro culpou a população brasileira pela queda das sanções norte-americanas contra Alexandre de Moraes. Reiteram-se suas palavras: “falta de coesão interna e o insuficiente apoio às iniciativas conduzidas no exterior”.

Não só assombrosamente estapafúrdia e, por que não, cômica, a posição do filho de Bolsonaro insinua que ele esperou, em vão, um novo episódio de caos e desordem institucional perpetrado contra Poderes e autoridades. Não ouso dizer como um novo 8 de janeiro, mas algo próximo disso.

Sem rumo, o bolsonarismo familiar vê cair um a um seus trunfos antes poderosos, mas que, com o peso da realidade, mostram-se a olho nu como meras bravatas derrotadas pelo bom senso. E assim o barco segue.