Com informações de Gustavo Soares

O feriado de 7 de setembro, tradicionalmente marcado por desfiles cívicos e celebrações oficiais, ganhou em Goiânia um tom abertamente político. Centenas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocuparam as ruas da capital para transformar a data da Independência em um ato de defesa do ex-chefe do Executivo, de crítica ao Supremo Tribunal Federal (STF) e de apoio à anistia dos condenados pelos atos de 8 de janeiro.

985b398b-fc64-4da8-a239-4682a03b8d00
Manfestantes pedem anistia | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opçao

Parlamentares goianos da base bolsonarista estiveram presentes e reforçaram o discurso de que Bolsonaro é vítima de perseguição judicial e que as manifestações são fundamentais para manter viva a mobilização da direita no país. Faixas com frases como “Anistia já”, “Nossa bandeira nunca será vermelha” e “Liberdade” eram exibidas ao longo da concentração, que se estendeu durante toda a manhã.

O deputado estadual Amauri Ribeiro (UB) usou o microfone para conclamar a militância a permanecer mobilizada. Ele lembrou que, segundo ele, há um movimento em curso para tornar Bolsonaro inelegível e que apenas a pressão popular pode impedir esse cenário. “Podem ter certeza: eles querem prender Jair Messias Bolsonaro. Se não mostrarmos nossa força, eles vão conseguir. Mas nós não temos medo. Somos um povo de coragem e o Brasil é nosso. A nossa bandeira nunca será vermelha”, discursou.

O senador Wilder Morais (PL), que atua diretamente em Brasília na articulação de um projeto de anistia, destacou que já existe número expressivo de assinaturas no Senado para que a proposta avance. “Conseguimos 41 assinaturas no Senado e esse número está aumentando. Se não tivermos Jair Messias Bolsonaro como candidato, aí é golpe. Eleição sem Bolsonaro é golpe”, afirmou Wilder, reforçando o coro que pedia pela elegibilidade do ex-presidente.

Já o deputado federal Gustavo Gayer (PL) adotou um tom mais enfático, afirmando que o movimento de direita não é apenas a defesa de uma liderança política, mas a reafirmação de valores como fé, pátria e liberdade. “Eles erraram por acreditar que o povo do Brasil iria se curvar. Nós não vamos desistir, não importa quanta perseguição aconteça. O patriotismo é como uma fé: não se abala, só se fortalece”, disse o parlamentar.

Em outro momento, ele exaltou a presença do público em Goiânia. “Goiás é o farol de esperança do Brasil. Que as imagens de hoje inspirem outros estados a mostrarem que o povo brasileiro não vai aceitar injustiças.”

O ato também contou com uma mensagem em áudio da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, transmitida aos presentes. Ela acusou o Judiciário de agir de forma política contra seu marido e fez uma comparação com julgamentos autoritários do século passado. “Meu marido hoje está humilhado e preso porque enfrentou o sistema por amor ao povo. Querem destruí-lo para gritar que acabaram com o bolsonarismo, mas não conseguirão. Permaneçam firmes nessa luta, por mais dura que seja a batalha”, afirmou Michele.

Entre os participantes, a defesa da anistia ampla e irrestrita foi a pauta mais repetida. A designer de interiores Ocioli Rios disse acreditar que Bolsonaro não cometeu crimes e que sua condenação é fruto de uma disputa política. “Assim como Lula teve anistia, por que não dar a Bolsonaro, que não cometeu nenhum crime? É justo anistiar não só ele, mas todos os patriotas que estão presos. Até hoje não foi provado nada contra ele. Quem deveria estar sendo cobrado é o ex-condenado que está no poder”, afirmou. Para ela, há um “sistema ditatorial” tentando calar manifestações de rua.

Foto: Gustavo Soares

O vendedor Tiago dos Reis Catalan também reforçou a necessidade da anistia e criticou diretamente o ministro Alexandre de Moraes. “Um presidente que eu votei está preso não por uma questão jurídica, mas por um sistema. Anistia é fundamental, porque não houve golpe de Estado. O que precisa é impeachment de Alexandre de Moraes. Ele hoje é a maior ameaça à liberdade”, disse.

Foto: Gustavo Soares

Já a assessora parlamentar Maria Eduarda Ribeiro, afirmou que o ato é também um movimento por esperança. “O 7 de setembro significa liberdade e democracia. A anistia é necessária, e o que esperamos é a reeleição de Bolsonaro, porque é o que desejamos para o futuro do Brasil. A gente está aqui gritando por isso, para que nossa voz seja realmente escutada”, declarou.

O ato em Goiânia se soma a manifestações realizadas em outras cidades do país neste 7 de setembro, marcadas pela defesa de Bolsonaro e pelo discurso contra o STF. No Congresso, o debate sobre anistia tem crescido, mas enfrenta resistência de parte dos parlamentares e da opinião pública.

Leia também

Caiado defende anistia ampla e geral e afirma que será prioridade caso chegue à presidência