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Tem início neste domingo, 29, e estende-se até o próximo dia 5 de julho, a Semana Mundial de Alergia, iniciativa da Organização Mundial de Alergia (WAO) replicada em diversos países. A representação regional da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) é a responsável por, neste período, reverberar o tema no estado de Goiás: “Anafilaxia: informação salva!”.

“A anafilaxia é uma reação alérgica sistêmica, que atinge vários órgãos do corpo. É extremamente grave e requer uso imediato de adrenalina autoinjetável. Se não houver socorro apropriado em tempo hábil, com o devido encaminhamento do paciente para o pronto atendimento, ela pode, sim, ser fatal”, explica a médica Maria Letícia Chavarria, presidente da ASBAI – Goiás e também professora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG), além de mestre em Imunologia pela Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com números do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) do Ministério da Saúde, no Brasil, o número de internações por choque anafilático mais que dobrou nos últimos dez anos. Somente em 2024, foram registrados 1.143 casos em todo país, um aumento de 107% em relação a 2015.

“Em Goiás, ainda que não tenhamos estatísticas próprias, é possível afirmar que as principais causas de anafilaxia são ferroadas de insetos, medicações e alimentos”, detalha Maria Letícia.

Ainda segundo a dirigente da ASBAI em território goiano, as manifestações clínicas em um paciente com choque anafilático tendem a ocorrer de forma simultânea, com comprometimento do trato respiratório, falta de ar e congestão nasal, além de inchaço nos lábios e o empolamento do corpo, progredindo para queda da pressão arterial, sensação de desmaio, cólicas e até liberação de esfíncter. “Quanto mais demora para socorrer este paciente, mas a situação tende a agravar-se”, alerta.

Tratamento

Maria Letícia Chavarria destaca que o tratamento da anafilaxia deve ser feito de forma célere com caneta de adrenalina autoinjetável, com administração do medicamento por via intramuscular, na região anterolateral da coxa. É a única medicação que trata todos os sintomas da anafilaxia e pode prevenir a evolução do quadro. Embora esteja disponível nas unidades de pronto-atendimento, a adrenalina autoinjetável não é produzida no Brasil e pode ser adquirida por pacientes que querem se precaver e tê-la em casa apenas por meio de importação.

Maria Letícia, presidente da ASBAI Goiás | Foto: Divulgação

Há um Projeto de Lei em tramitação na Câmara dos Deputados que prevê o fornecimento gratuito da caneta de adrenalina autoinjetável pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Emenda acrescida à matéria determina que espaços públicos, como academias, parques e supermercados, entre outros locais com grande circulação de pessoas, tenham o medicamento disponível. Paralelamente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aguarda a solicitação de registro do dispositivo para que possa avaliar a aprovação.

Alerta

Ainda no contexto da Semana Mundial de Alergia de 2025, a presidente da ASBAI – Regional Goiás faz um alerta à população goiana. “Se considerarmos que medicamentos também são fatores desencadeantes das anafilaxias, nossa orientação é que as pessoas, de modo geral, evitem a automedicação”, avisa.

“Em relação àquelas que já tem algum histórico de alergia alimentar, tenham cuidado nos restaurantes na hora de escolherem o que vão comer. Falem do seu quadro aos garçons e evitem locais do tipo ‘self service’, pois pode haver mistura de colheres e você acaba ingerindo algo que não pode sem nem perceber”, complementa.

“Por fim, como ferroadas de insetos também causam choques anafiláticos, não usem perfumes e roupas coloridas e não abram mão de repelentes em áreas rurais ou até mesmo quando estiverem desfrutando das belezas do nosso rio Araguaia”, acrescenta a especialista.

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