As alternativas de Vanderlan Cardoso para sua sobrevida na política

25 junho 2024 às 15h15

COMPARTILHAR
Faltando menos de um mês para o início das convenções partidárias, que podem ser feitas de 20 de julho a 5 de agosto, e pouco mais de três meses para as eleições municipais deste ano, cujo 1º turno do pleito está marcado para 6 de outubro, os (ainda) pré-candidatos correm para fechar apoios e viabilizar seus nomes para o pleito que se aproxima. E é claro, haverá aqueles que colocarão na balança o que perdem e o que ganham ao se lançarem como cabeça de chapa e podem, nessa reflexão, decidir um recuo para, então, pisando em terreno mais confortável, compor com algum outro nome.
Nos bastidores da política, dizem as más (ou conhecedoras?) línguas que o senador Vanderlan Cardoso, do PSD, pode ser um desses. Desde que confirmou sua pré-candidatura à Prefeitura de Goiânia – iniciativa que, para muitos, ocorreu de forma tardia – a permanência de seu nome no páreo é colocada em xeque frequentemente. Para alguns, o mais provável é que Cardoso retire seu nome antes mesmo da corrida eleitoral começar, tese essa que o senador refuta com veemência.
A questão é que a condição de isolamento de Vanderlan (o pré-candidato não tem alianças com nenhum outro partido e detém apenas uma parte de sua própria sigla) é admitida até por aliados, o que dificulta, e muito, a vida do parlamentar caso ele se mantenha como nome à Prefeitura de Goiânia, mesmo pontuando bem nas pesquisas de intenção de voto.
O próprio Cardoso tem ciência disso (não à toa já se conforma com a possibilidade de ir com chapa pura para o pleito, uma vez que as tentativas de composição com outras legendas não teriam prosperado). E nesse cenário, três caminhos – tortuosos, mas possíveis – se abrem diante do parlamentar para mantê-lo vivo no jogo político, não só neste ano, mas também em 2026.
O primeiro, e o mais defendido por Cardoso em on, é o de manutenção de seu nome no páreo. O político segue afirmando que é candidatíssimo e que não há chance de recuo. Caso decida manter a decisão, ir para as convenções e se tornar o candidato do PSD na corrida ao Paço Municipal, o senador assume de vez o risco imposto por sua situação. Por um lado, Cardoso pode realmente ir para o segundo turno e, eventualmente, ser eleito prefeito de Goiânia. Vale destacar que mesmo caminhando sozinho, o pessedista aparece tecnicamente empatado em primeiro lugar nas intenções voto com a pré-candidata do PT, Adriana Accorsi, conforme levantamento do instituto Opção Pesquisas divulgada no início deste mês (registrada junto à Justiça Eleitoral sob o nº GO-06784/2024). Enquanto ela aparece com 19,7%, ele tem 19%.
Leia também: Pré-candidatos à Prefeitura de Goiânia, Adriana e Vanderlan não vão se licenciar de mandatos no Congresso
Já por outro lado, existe, também, a chance de Cardoso sofrer uma dupla derrota. A primeira, em Goiânia, uma vez que o pré-candidato apoiado pelo governo, Sandro Mabel (UB), tem crescido e pode se consolidar como nome viável para o segundo turno, deixando Cardoso de fora. Enquanto a pesquisa iGape, divulgada em abril e registrada no TSE sob o n.º GO-06137/2024, mostrou Mabel com 7,6% das intenções de voto, menos de dois meses depois o empresário já aparecia com 9,8% no levantamento do Opção Pesquisas – o que mostra um crescimento lento, mas contínuo.
E a segunda derrota é: em caso de se lançar candidato e perder a eleição, mesmo retornando ao Senado, Cardoso perde a chance de iniciar uma composição que vai refletir em suas chances na corrida ao Palácio das Esmeraldas em 2026.
O segundo caminho mira justamente uma possível composição com o candidato da base governista. Aliados de Mabel admitem ainda trabalhar com a possibilidade de ter um indicação para vice ou do PL, ou do PSD. Nesse caso, Cardoso abriria mão de seu projeto em 2024, indicaria o vice do candidato governista e, com isso, pleitearia o apoio de Ronaldo Caiado para uma das duas vagas para o Senado em 2026 (ano em que o atual mandato do pessedista na Casa se encerra). Porém, automaticamente, desistiria de qualquer intenção de disputar o governo de Goiás.
Mesmo abdicando da chance de ser prefeito de Goiânia, ou governador de Goiás, o parlamentar ganharia, com essa movimentação, a possibilidade de angariar um apoio de peso para a reeleição ao Senado, Casa em que tem ganhado destaque nacional como presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
E o terceiro e último caminho englobaria uma possível junção com o PT de Adriana Accorsi. Desde o ano passado circula a informação de que Cardoso e Adriana conversaram sobre um possível acordo no qual o senador a apoiaria para a Prefeitura de Goiânia ainda no primeiro turno, indicando o vice dela e, em troca, o PT de Lula o bancaria para o governo de Goiás em 2026. A possibilidade de aliança, negada por Cardoso, parece não ter prosperado, mas as portas podem não estar fechadas.
Leia-se, Adriana está com a indicação do vice praticamente fechada com o PSB, mas nos bastidores a informação que circula é que a porta de diálogo entre os dois nunca foi fechada. O acordo, que garantiria um nome de confiança de Cardoso ao lado de Adriana, faria com que o senador, caso a petista for eleita, chegue forte para 2026 com o apoio do governo federal e municipal para o governo de Goiás.
Ao mesmo tempo, Cardoso se veria obrigado a construir, do zero, um novo grupo político. Isso porque parte majoritária de seu grupo atual (ou o que resta dele) é composta por políticos, empresários e lideranças religiosas de direita que não aceitariam caminhar com o PT. Na prática, o senador se tornaria um novo “Geraldo Alckmin”, que “renasceu” politicamente ao vestir a camisa vermelha do PT para voltar a ter protagonismo político nas mãos.
Como lembrado no início deste artigo, falta menos de um mês para o início das convenções partidárias e pouco mais de três meses para as eleições municipais. É bom que Vanderlan Cardoso se apresse em escolher logo seu caminho, pois o tempo na política é implacável com que se demora demais nas decisões.