Argentinos votam neste domingo em eleição decisiva para Javier Milei
26 outubro 2025 às 09h43

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Os argentinos vão às urnas neste domingo, 26, em eleições legislativas consideradas um teste crucial para o presidente Javier Milei. Metade da Câmara dos Deputados, 127 das 257 cadeiras, e um terço do Senado, 24 das 72 cadeiras, serão renovados.
Atualmente, o movimento peronista detém a maior bancada de oposição nas duas Casas, com cerca de metade de seus assentos em disputa. Já o partido de Milei, o La Libertad Avanza, possui apenas 37 deputados e seis senadores, o que limita a capacidade do governo de avançar em suas reformas econômicas.
As batalhas mais acirradas estão concentradas na província de Buenos Aires, onde há grande número de vagas em disputa. Analistas ouvidos pela agência Reuters afirmam que, se o partido de Milei ultrapassar 35% dos votos, o resultado será interpretado como um sinal de fortalecimento político. Um desempenho próximo de 40% seria considerado “excelente”, avalia o consultor Marcelo Garcia, da Horizon Engage.
Desde que assumiu, Milei adotou um pacote de medidas de “terapia de choque” que reduziu a inflação e gerou superávit fiscal, conquistando elogios do mercado financeiro e do governo de Donald Trump. Contudo, o custo social do ajuste fez sua aprovação cair para menos de 40%, o nível mais baixo desde o início do mandato.
Na semana passada, Milei se reuniu com Trump em Washington. O presidente norte-americano prometeu ampliar o apoio econômico à Argentina, mas condicionou o gesto ao desempenho eleitoral do partido governista nas urnas deste domingo.
O que está em jogo
Um bom resultado ampliaria a base de Milei no Congresso e daria sustentação a novas reformas trabalhistas e tributárias, anunciadas para 2026. Em contrapartida, uma votação abaixo do esperado pode fortalecer o peronismo e outras forças de centro, dificultando a agenda liberal do governo.
Nos últimos meses, o Congresso argentino chegou a derrubar vetos presidenciais em pautas de financiamento público, incluindo universidades e programas de saúde infantil, um revés para o Executivo. Para manter poder de veto, Milei precisa garantir um terço das cadeiras em cada Casa, o que deve exigir alianças com partidos moderados, como o PRO, liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri.
Além do desgaste econômico, o governo enfrenta denúncias de corrupção envolvendo pessoas próximas a Milei. A Justiça abriu investigação após o vazamento de áudios atribuídos à sua irmã e chefe de gabinete, Karina Milei, sobre um suposto esquema de suborno. O presidente classificou o caso como “campanha difamatória”.
Mesmo com turbulências políticas, analistas afirmam que o La Libertad Avanza deve sair fortalecido. “Inevitavelmente, o número de assentos vai aumentar. A dúvida é: até quanto?”, resume o consultor político Facundo Cruz.
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