Araújo Jorge busca apoio de empresários para ampliar radioterapia em Goiás e reduzir filas
24 setembro 2025 às 16h15

COMPARTILHAR
O Hospital de Câncer Araújo Jorge lançou uma campanha para captar quase R$ 10 milhões junto ao empresariado, com o objetivo de adquirir um novo acelerador linear e ampliar em até 30% a capacidade de atendimento em radioterapia. Apesar de já realizar cerca de 320 sessões por dia, das 6h da manhã às 2h da madrugada, as filas de espera ainda são longas e pacientes chegam a aguardar semanas para iniciar o tratamento.
O Ministério da Saúde já aprovou o projeto por meio do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon 2025), mas a instalação do novo equipamento depende da captação de R$ 9,9 milhões até novembro de 2025. O recurso pode ser destinado por empresas tributadas pelo Lucro Real, que têm a possibilidade de direcionar até 1% do Imposto de Renda devido para o projeto, sem custo adicional.
Ao Jornal Opção, o analista de captação de recursos do hospital, Lucas Rafael, explicou que a principal dificuldade está em sensibilizar o empresariado goiano. “O que menos faz essa destinação é o Estado de Goiás, dentre todos. Então, para você ver, tem muita onda concentrada aqui e pouco distribuída entre os projetos que podem ser aportados com imposto de renda. Isso mostra algumas coisas: ou a maioria do empresariado ainda não conhece que pode, ou porque outros empregadores do próprio Estado dão para outros estados, como São Paulo, ou por simplesmente falta de conhecimento mesmo.”
Segundo ele, falta clareza sobre o processo e segurança jurídica para as empresas. “O desafio inicial aqui, principalmente agora com o Pronon, que é a primeira captação nossa que nós estamos trabalhando, é difundir essa informação. Mostrar como é fácil, simples, seguro, que não tem perigo de cair em uma malha fina, não tem perigo de ser pego pelo leão do imposto de renda. Inicialmente o empresariado está nos ouvindo, já fiz algumas reuniões, mas ainda falta esse pouco de conhecimento e informação clara, que é o que a gente está tentando passar agora. Nunca foi da cultura do empresariado goiano fazer esse tipo de destinação.”
O prazo para a arrecadação é 25 de novembro de 2025. Caso a meta não seja atingida, a instalação do equipamento ficará inviabilizada. “É um projeto que tem prazo para início e termos de captação para executar. Até o dia 25 de novembro é o limite. Por isso a gente pede muito a mobilização do empresariado goiano e da região, porque a gente não atende só Goiás, atendemos o Centro-Oeste inteiro também. Esse acelerador linear vai facilitar muito o tratamento dos nossos pacientes.”
Lucas afirmou que ainda não há aportes financeiros, mas empresas já se comprometeram. “Até o momento nós temos diversas empresas já interessadas em apoiar. Ainda não é o momento de realizar aporte porque as empresas apuram algumas trimestralmente, outras anualmente, o imposto de renda. Como estamos caminhando para o fim do ano, elas já não têm apurado o lucro do ano, que é dessa conta que sai a porcentagem do valor que podem investir. Então já temos empresas engatilhadas, mas valores ainda não.”
Para facilitar o processo, o hospital lançou uma página exclusiva com informações sobre o projeto e contato direto com a equipe de captação. “Na nossa página do hospital foi inserida na semana passada a seção ‘Seu Lucro Real’. Lá tem todas as informações dos projetos e embaixo um campo para entrar em contato, que cai diretamente para mim, que sou o gestor desses projetos de lei de incentivo fiscal. Também estamos divulgando amplamente nas redes sociais. Podemos marcar reuniões, mostrar onde será aplicado o recurso, apresentar a instituição e disponibilizar materiais para facilitar a vida do empresário, do contador e da empresa. A ideia é deixar claro que é simples e possível ajudar o Araújo Jorge com o imposto de renda”, completou.
Atualmente, os três aceleradores lineares do Araújo Jorge funcionam em ritmo intenso para atender toda demanda. Porém, em abril deste ano, um dos aparelhos – em operação desde 1999 – apresentou falhas graves, obrigando a suspensão temporária de novos atendimentos e o redirecionamento de pacientes para a unidade de Anápolis.
“Se esse equipamento parar definitivamente, será um verdadeiro colapso. Não há outra instituição pública em Goiás habilitada pelo SUS para absorver essa demanda”, alerta Paulo Moacir Campoli, vice-presidente do Conselho de Administração da Associação de Combate ao Câncer em Goiás, mantenedora do Araújo Jorge.
Leia também
Hospital Araújo Jorge negocia com PUC Goiás uso de área da universidade em Goiânia
