Após um mês de guerra, Senado brasileiro convoca embaixadores da Rússia e Ucrânia

25 março 2022 às 21h40

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Comissão de Relações Exteriores quer reunião para saber das posições de cada país no conflito, a relação deles com o Brasil e a oferta de ajuda humanitária
Os embaixadores da Rússia no Brasil, Alexey Labetsky, e da Ucrânia, Anatoly Tkach, terão que comparecer ao Senado Federal brasileiro. Em conjunto com o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, ambos os embaixadores serão ouvidos pelos senadores da Comissão de Relações Exteriores (CRE). A decisão partiu da presidente do colegiado, a senadora Kátia Abreu (PP-TO), nessa quinta-feira, 24. Mas ainda não há datas marcadas para ocorrerem os encontros.
Segundo a parlamentar, o intuito é que eles esclareçam as posições de cada país na guerra deflagrada no fim de fevereiro, às relações de cada nação com o Brasil e o oferecimento de ajuda humanitária. Já o ministro brasileiro deve explicar a posição do Brasil sobre o conflito. “O voto do Brasil na ONU foi contra a invasão russa, mas ficou uma imagem dúbia, pois embora o Brasil tenha tomado essa atitude, houve comentários de algumas autoridades brasileiras no sentido contrário”, afirmou.
Para Abreu, o momento é de aprofundamento sobre os prejuízos para o Brasil em relação, principalmente, a fertilizantes e trigo, “Somos muito dependentes da importação de trigo, principalmente da Rússia, mas somos fortemente dependentes de fertilizantes russos também. Os produtores brasileiros estão em polvorosa e com razão, não só por conta do fertilizante, mas diante da guerra com o aumento do petróleo”, disse.
A ida de diplomatas da Rússia e da Ucrânia à CRE é esperada para que o colegiado de senadores entenda as nuances do conflito. Kátia opina que Putin “cometeu um grande erro estratégico” ao invadir a nação vizinha, mas também entende que os EUA têm tido uma atitude muito hostil contra a Rússia, que isso não estaria colaborando.
“Estamos vendo por parte dos americanos um ataque muito frontal aos russos, desnecessário para quem quer fazer um acordo. Quando Biden agride e ataca Putin, em que pese suas razões sejam todas justificadas, ao mesmo tempo vejo uma dificuldade ainda maior, um distanciamento no que diz respeito a acordos. Não existe santo nessa história”, frisou a senadora.