Após queda histórica da dengue, Anápolis antecipa campanha e lança ofensiva para evitar novo surto em 2026
24 novembro 2025 às 15h58

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A Prefeitura de Anápolis iniciou, nesta segunda-feira, 24, uma nova etapa da campanha de combate à dengue, antecipando ações previstas para 2026 diante do risco de novo aumento de casos no próximo ano. A estratégia ocorre após a cidade registrar queda histórica na doença: de 38.956 casos confirmados e 53 mortes em 2024 para 2.063 registros e três óbitos em 2025.
A redução expressiva é atribuída à operação Tolerância Zero contra a Dengue, lançada em janeiro e marcada pelo reforço na fiscalização, eliminação de criadouros e intensificação do trabalho educativo. Agora, a Prefeitura amplia o planejamento e adota ferramentas tecnológicas, como as ovitrampas, para monitoramento precoce da circulação do Aedes aegypti.
As armadilhas serão distribuídas em regiões estratégicas da cidade e permitirão identificar rapidamente áreas com maior presença do mosquito. “A antecipação da campanha é fundamental para mantermos esse cenário sob controle. A ovitrampa amplia nossa capacidade de monitorar a infestação e agir antes que os casos aumentem”, afirmou a secretária municipal de Saúde, Jaqueline Ordan.
O gerente de Endemias, Rafael Pereira Teixeira, afirmou que a recusa de moradores em permitir a entrada dos agentes caiu cerca de 60% em relação ao ano passado. Segundo ele, a integração entre Vigilância Sanitária, Meio Ambiente, Postura e equipe de campo reforça as ações.
Teixeira também reforçou a importância de verificar a identificação oficial dos agentes. Moradores podem confirmar a matrícula e denunciar situações suspeitas pelo telefone (62) 99857-612. “Nosso agente está devidamente identificado. Se houver dúvida, basta entrar em contato. E também pedimos que a população denuncie imóveis abandonados ou acúmulo de lixo. Isso nos ajuda a agir mais rápido”, disse.
O diretor de Vigilância em Saúde, Daniel Soares, explica que a antecipação ocorre porque a combinação de calor e chuva irregular cria condições ideais para proliferação do mosquito. “Em 2023 e 2024 tivemos recordes de casos e óbitos. Os dados epidemiológicos apontam risco de novo aumento em 2026. Por isso estamos intensificando agora”, afirmou.
A operação inclui limpeza de lotes, ações conjuntas com a Segurança Pública, como as realizadas após denúncias de descarte irregular, uso de drones e trabalho reforçado da Vigilância Sanitária.
Para o médico infectologista Marcelo Daher, a população não pode se acomodar diante da queda nos números. Ele alerta para o risco simultâneo de dengue, chikungunya, zika e da chegada de novos vírus, como o Oropouche. “A dengue não acabou. O mosquito está aí. Precisamos combinar todas as estratégias: ovitrampas, mosquito contaminado com Wolbachia, limpeza e principalmente vacinação”, disse.
Daher afirma que a baixa procura pela vacina prejudica o controle da doença. “Se nem usamos a proteção disponível para a faixa etária autorizada, como justificar a ampliação da vacinação? A vacina reduz gravidade, internações e salva vidas.”
Ele lembra que jovens também têm morrido por dengue. “Não podemos banalizar a doença. Dengue é grave e mata.”
Além das ações educativas, Anápolis também vai adotar medidas repressivas. Residências com focos comprovados de Aedes poderão ser autuadas pela Vigilância Sanitária. “A conscientização continua, mas a responsabilização vai ocorrer. Todos já sabem como prevenir”, explica Daniel Soares.
Apesar do reforço operacional, todos os especialistas ouvidos reforçam o mesmo ponto: o combate à dengue depende diretamente do envolvimento da população. “Limpar o quintal, eliminar água parada e permitir a entrada dos agentes continua sendo a medida mais eficaz”, afirma Teixeira.
Com a antecipação das ações, Anápolis busca assegurar que o avanço obtido em 2025 não seja perdido no próximo ciclo epidemiológico. A expectativa é que o conjunto de estratégias mantenha a cidade longe de um novo surto em 2026.
