No dia 14 de março de 2018 a vereadora do Rio de Janeiro e o motorista Anderson Gomes foram mortos a tiro quando voltavam de evento; motivação e mandante seguem sem respostas

1.461 dias, 47 meses e 27 dias. O cronômetro na página inicial do Instituto Marielle Franco ilustra a pergunta que é feita após esse tempo: Quem mandou matar Marielle? A pergunta vem sendo feita há quatro anos desde que a vereadora do Rio de Janeiro, e o motorista Anderson Gomes, foram mortos a tiros. Hoje, 14 de março, após quatro anos sem uma investigação concluída, a cobrança para o questionamento continua sem ser atendida. 

Marielle havia sido eleita como a quinta vereadora mais votada, em 2016, pelo PSOL. A também socióloga e mestre em administração pública foi assassinada em um atentado ao carro onde estava. 13 tiros foram proferidos ao veículo, onde também estava o motorista Anderson Pedro Gomes, que foi atingido e morto. Em 2019, a Polícia Militar do Rio de Janeiro apontou Ronnie Lessa, Policia Militar reformado, e Elcio Queiroz, ex-PM expulso da corporação, como os possíveis assassinos da parlamentar e do motorista. 

Atualmente, Queiroz e Lessa seguem sem data para julgamento. Os dois respondem por duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, emboscada e sem dar chance de defesa às vítimas e devem ir a júri popular. Além dos executores, a investigação também sabe como foi a dinâmica do crime. No entanto, quem foi o real mandante e a qual a motivação do assassinato seguem em aberto. Para o Ministério Público, a principal hipótese é de motivação política.

Além disso, políticos também já foram investigados como suspeitos de serem os mandantes. Entre eles, o vereador Marcelo Siciliano, o ex-vereador Cristiano Girão e o ex-deputado Domingos Brazão. O nome do presidente Jair Bolsonaro (PL) também foi envolvido no caso pelo fato de Lessa ter morado no mesmo condomínio em que Bolsonaro tem casa. Já Carlos Bolsonaro também foi envolvido na história por ter tido uma discussão com um assessor Marielle em 2017. Na ocasião, Marielle precisou intervir na briga dos dois.

Em 2021, novos promotores de Justiça foram anunciados. Na época, as promotoras Simone Sibilio e Letícia Emile alegaram “interferências externas”. Neste ano, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) voltou a ouvir testemunhas, pessoas da família e que trabalhavam com Marielle. Análise de informações dos celulares apreendidos durante apurações também estão sendo realizados. No dia de hoje, diversos atos e protestos ocorrem no dia de hoje. Em Goiânia, o lançamento da Frente Intermunicipal pelo Fim da Violência Política de Gênero na Câmara Municipal foi um dos eventos. Além disso, diversos políticos e autoridades se posicionaram em rede social para cobrar elucidações sobre o caso.

Relembre o caso

Na noite do dia 14 de março de 2018, Marielle Franco, Anderson e assessora, Fernanda Chaves, deixavam um evento na Casa das Pretas, na região da Lapa do Rio de Janeiro. Ao chegar no Estácio, centro da cidade, o carro onde estava a vereadora e funcionários foi cercado por um  outro veículo, que atirou diversas vezes contra eles. Marielle foi atingida com quatro tiros, sendo um deles no pescoço e três na cabeça. A única sobrevivente foi a assessora da política. 

Desde o assassinato da vereadora, fakes news sobre Marielle foram desmentidas diversas vezes. Em 2018, foi dito que ela teria sido financiada pelo Comando Vermelho. Na época, também foi desmentido a informação de que Marielle teria sido casada com o traficante Marcinho VP.