Com a possibilidade cada vez mais concreta de uma condenação de Jair Bolsonaro por envolvimento na trama golpista de 8 de janeiro, aliados próximos do ex-presidente já demonstram uma nova e crescente preocupação: o risco de Bolsonaro ser proibido de usar as redes sociais, mesmo em caso de prisão domiciliar. Para o bolsonarismo, isso representaria uma verdadeira “morte digital”.

A preocupação se baseia em decisões anteriores do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que já determinou o afastamento de redes sociais como medida cautelar contra outros réus dos atos golpistas.

Um dos exemplos é o da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, condenada a 14 anos de prisão após pichar com batom a frase “Perdeu, mané” na estátua da Justiça, em frente ao STF. Ela responde pelos mesmos crimes que Bolsonaro é acusado: golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, associação criminosa armada e dano ao patrimônio público.

Segundo interlocutores do ex-presidente com trânsito no meio jurídico, existe o temor de que Alexandre de Moraes antecipe medidas restritivas contra Bolsonaro antes mesmo de uma eventual condenação.

A tensão aumentou após o ministro abrir um novo inquérito contra Eduardo Bolsonaro, investigando suposta coação e articulações com aliados do presidente Donald Trump para atacar autoridades brasileiras sob o pretexto de defesa da liberdade de expressão.

Jair Bolsonaro deve prestar depoimento no inquérito nesta quinta-feira, 5, e já declarou que arca com despesas do filho nos Estados Unidos. O fato pode ser interpretado como indício de cumplicidade, o que preocupa aliados. Eles não descartam que Moraes determine uma prisão preventiva, bloqueio de bens ou até mesmo restrições ao uso das redes sociais após o depoimento.

Redes sociais são vitais para Bolsonaro

Nas duas últimas campanhas presidenciais, as redes sociais foram a principal ferramenta de comunicação de Bolsonaro. Somente no Instagram, o ex-presidente tem 26,6 milhões de seguidores, enquanto no X (antigo Twitter) são 13,9 milhões – números superiores aos do presidente Lula, que soma 13,2 milhões no Instagram e 9,5 milhões no X.

Para Bolsonaro, perder o acesso a essas plataformas pode significar um golpe mais duro do que a prisão em si, já que enfraqueceria drasticamente sua capacidade de mobilização e influência sobre a base de apoiadores.

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