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Empreiteiro Otávio Marques afirmou que suposta propina de R$ 1 milhão era legal e foi repassada não ao diretório do PT, como havia dito anteriormente, mas ao do PMDB

| Foto: Divulgação
Otávio Marques é ex-presidente da Andrade Gutierrez e foi preso em junho de 2015 na Operação Lava Jato | Foto: Divulgação

O empreiteiro Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez e um dos delatores da Operação Lava Jato alterou, na última quinta-feira (17/11) seu depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nessa nova oitiva, ele negou que tenha repassado propina de R$ 1 milhão à campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) em 2014. Otávio foi preso na 14ª fase da Lava Jato, em junho de 2015.

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Anteriormente, ele havia dito que os valores foram entregues ao diretório do PT. No início do mês, no entanto, o próprio partido divulgou documentos comprovando que o destino foi, na verdade, o diretório do ex-aliado PMDB. Um dos pontos mais polêmicos da denúncia do PT foi um cheque no nome de Michel Temer.

De acordo com advogados que acompanharam o depoimento, tomado pelo ministro Herman Benjamin, ele disse ter feito confusão não só quanto destinação, mas também quanto à origem dos recursos, que seriam, na verdade, lícitos. Ele afirmou ter se confundido porque, apesar de o dinheiro ter sido enviado para Temer, ele recebeu recibos do PT, assinados pelo ex-tesoureiro do partido, Edinho Silva.

Ele foi chamado para depor novamente pelo próprio ministro, atendendo solicitação da defesa de Dilma. O questionamento das contas de campanha da chapa de Dilma partiu do PSDB, partido do candidato derrotado, Aécio Neves, que questionou a legalidade dos recursos. Em dezembro de 2014, a prestação foi aprovada no TSE por unanimidade.

Se comprovado que o dinheiro era oriundo de propina, no entanto, o presidente Michel Temer poderia ser cassado junto com Dilma Rousseff, já que ambos concorreram juntos. Para tentar evitar esse cenário, o argumento do PMDB desde que os dois partidos romperam é de as campanhas dos dois foram feitas separadamente.

Segundo o advogado de Dilma, Flávio Caetano, Azevedo negou a existência de irregularidades na campanha e disse que o novo depoimento derruba qualquer suspeita quanto à chapa. “Dos 25 testemunhos de acusação, era o único que tinha dito que tinha alguma irregularidade na campanha. Hoje cai por terra toda e qualquer acusação de irregularidade na arrecadação da campanha de Dilma e Michel Temer”, defendeu ele.

Após deixar o TSE, Azevedo foi abordado pela imprensa, mas disse apenas que estava tranquilo e não deu maiores detalhes sobre o depoimento. “Da minha parte estou bastante tranquilo, como vejo que tem que ser. Vamos continuar olhando para a frente. Olhando para essa caminhada para a frente”.