Após Fred Rodrigues mentir no currículo, relembre quais ministros de Bolsonaro também fizeram o mesmo

23 outubro 2024 às 11h24

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Fred Rodrigues, candidato à prefeitura de Goiânia pelo PL, foi pego na mentira. A Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) confirmou que ele nunca obteve o diploma de bacharel em Direito, contrariando o que declarou à Justiça Eleitoral. A PUC explicou que Fred, que começou o curso em 2004, não cumpriu as exigências necessárias, como as 200 horas de atividades complementares. Por isso, seu cadastro foi desativado em 2013, e ele não colou grau.
Essa situação pode configurar falsidade ideológica, de acordo com o Artigo 299 do Código Penal, além de potencial propaganda eleitoral falsa, segundo a Lei 9504/97. O espaço está aberto para que Fred se manifeste, mas ele não respondeu aos contatos da imprensa até agora.
O caso de Fred Rodrigues não é isolado e se encaixa em um padrão preocupante entre figuras políticas ligadas ao governo Jair Bolsonaro. Vários ministros e aliados têm sido desmascarados por mentiras sobre suas formações acadêmicas e currículos.
Um exemplo notável é o de Carlos Alberto Decotelli da Silva, ex-ministro da Educação, que teve sua formação questionada. O reitor da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, negou que ele tivesse completado um doutorado. Além disso, surgiram suspeitas de plágio em sua dissertação de mestrado na Fundação Getulio Vargas (FGV).
Damares Alves, ex- ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, também se viu em apuros. Em suas palestras, se apresentou como “advogada” e “mestre em educação”, mas depois admitiu que nunca obteve esses títulos, explicando que suas referências eram ligadas ao ensino bíblico.
O ex-ministro do Meio Ambiente, **Ricardo Salles**, foi outro a ser desmentido. Ele havia afirmado ter estudado na Universidade Yale, mas essa informação foi negada. O erro foi atribuído a uma confusão em seu currículo, que erroneamente mencionava o mestrado que ele nunca obteve.
Ricardo Vélez Rodríguez, que também foi ministro da Educação, apresentou um currículo cheio de erros, com pelo menos 22 inconsistências, incluindo obras que não eram de sua autoria.
Abraham Weintraub, seu sucessor, também enfrentou críticas. Bolsonaro o anunciou como doutor, mas ele nunca teve esse título. Além disso, foi acusado de autoplágio ao publicar o mesmo artigo em revistas diferentes.
Cultura de desinformação
A repetição de mentiras entre esses políticos não apenas prejudica a credibilidade deles, mas também afeta a confiança do público na política. Usar a mentira como estratégia política compromete a democracia e distorce a verdade.
As revelações sobre Fred Rodrigues e seus aliados mostram a importância de a transparência e a honestidade na política. O eleitor em Goiânia precisa estar alerta, pois essa manipulação da verdade pode prejudicar a confiança nas instituições e na própria política.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo , cerca de 56% dos brasileiros afirmaram ter sido expostos a notícias falsas nas redes sociais. Além disso, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelou que 44% da população acredita que as informações que circulam na internet são geralmente verdadeiras, mesmo quando são claramente enganosas.
A desinformação não afeta apenas a imagem dos políticos, mas também influencia o comportamento eleitoral. Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) mostrou que 39% dos participantes coletaram informações obtidas em redes sociais como a principal fonte de informação sobre candidatos e suas propostas. Isso cria um ambiente propício para a manipulação da verdade, onde os participantes podem ser levados a tomar decisões com base em dados falsos ou distorcidos.