COMPARTILHAR

Trabalhadores serão realocados por cinco meses, durante obras de revitalização da Praça do Trabalhador

Foto: Fernando Leite | Jornal Opção

Apesar de a Prefeitura de Goiânia e os representantes dos feirantes da Feira Hippie terem entrado em acordo sobre as obras de revitalização da Praça do Trabalhador, os trabalhadores seguem inseguros em relação à sobrevivência da feira. Em reunião realizada na tarde desta segunda-feira, 3, ficou acertado que a data para o início das obras será dia 10 de junho. O tempo estimado da intervenção para a revitalização do local é de cinco meses.

A feirante Nara Coutrim afirma que a maior preocupação dos trabalhadores é que, após o término das obras, eles não consigam retornar ao local de origem. “Temos medo que os empresários e comerciantes da região se articulem para transformar nosso espaço em um estacionamento. Isso é uma maldade já que esse polo comercial da 44 teve início com a Feira Hippie”, diz Nara. Ela conta que está no local desde a sua infância, há quase 20 anos, quando acompanhava a mãe durante a feira. “Cresci aqui, com o trabalho na feira minha mãe tirava o nosso sustento e inclusive pagou meus estudos e faculdade”, explicou.

“Somos 6 mil famílias, sendo que cada feirante tem três a quatro costureiros, cortadores e uma gama de outras famílias sustentadas pela feira. Ao todo, são 50 mil empregos diretos e indiretos que podem passar necessidade caso o novo local não seja viável”, argumenta a feirante. Ela também ressalta que, caso a obra não seja entregue dentro do prazo, os trabalhadores perderão a melhor época para as vendas, que é no final do ano. “Vendemos o almoço para comprar o jantar nos primeiros meses do ano, mas sabemos que vamos ter lucro nos últimos meses, época escolhida pela prefeitura para realizar a obra”, relata.

Segundo os feirantes, eles não se opõem à revitalização, mas não se sentem seguros em relação ao prazo da obra e também reivindicam um local próximo à 44. “A prefeitura quer nós colocar no espaço do BRT, sendo que haverá um canteiro de obras no meio, nos separando da 44. Será impossível que os consumidores atacadistas cheguem até à feira com seus carrinhos. Vamos ficar isolados”, explica Nara. “Essa obra é necessária, até porque não temos sequer um banheiro digno aqui. Mas precisamos de garantia de sobrevivência. Até agora só temos o apoio do deputado Paulo do Trabalho, que tem nos ajudado nessa articulação pela garantia dos nossos direitos”.

Os trabalhadores irão se reunir em assembleia no sábado, 8, para apresentar o acordo celebrado com a Associação dos Feirantes da Feira Hippie e apresentar a nova localização das barracas. “Queremos ficar de um lado da Avenida 44, do lado onde fica a feira. O local já está tomado por ambulantes, que não pagam impostos, mas nós o prefeito quer jogar longe. Pedimos a compreensão do Paço, cadê a sensibilidade com as famílias?”, questiona a feirante. 

“Na época de campanha eleitoral eles vem aqui na feira, abraçam todo mundo e são nosso amigos. Agora estamos aqui lutando pela sobrevivência da maior feira aberta da América Latina. Queremos sustentar nossas família”, finaliza a feirante.