Aparecida aguarda Vilmar Mariano decidir quem apoiará, mas já é possível antecipar

02 julho 2024 às 13h32

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Desde que foi retirado da disputa eleitoral de 2024, Vilmar Mariano (UB) tem estado ressentido e reservado — mais escuta do que fala. O prefeito de Aparecida de Goiânia está conversando com líderes empresariais, religiosos e políticos que o apoiaram em seu projeto frustrado de reeleição para tentar identificar o desejo do grupo e calcular o risco de desagradar o governo em seus próximos passos.
A versão dos membros da base do governo estadual é de que o acordo feito com Vilmar foi cumprido: a ele foi dado um prazo para se viabilizar como pré-candidato competitivo, mas o prefeito decepcionou em pesquisas de intenção de votos e, conforme acordado, foi substituído. A versão dos membros da base do governo municipal é de que ainda havia tempo: “Ele ficou frustrado com a impossibilidade de concorrer porque tem atualmente 60 obras em andamento no município; ele tinha convicção de que isso o levaria a ganhar a eleição”, afirmou um político ligado ao prefeito.
Segundo esse interlocutor próximo a Vilmar Mariano, o prefeito está desgostoso, mas não pensa com o fígado. “Ele não decidirá seu próximo passo baseado em sentimento. Está ouvindo os segmentos que apoiaram sua pré-candidatura para entender o que preferem que seja feito com seu apoio, até para valorizar essas pessoas que estiveram com ele”. O grupo político do prefeito é, em grande parte, o grupo político da base do governo estadual, que vai com Leandro Vilela (MDB).
Desde que foi removido da corrida, a imprensa levanta a possibilidade de que, por mágoa, Vilmar Mariano (com a máquina da Prefeitura) pode apoiar o pré-candidato de oposição Professor Alcides (PL). Segundo um assessor direto do prefeito, entretanto, a hipótese é remota. “Vilmar Mariano dificilmente apoiaria Professor Alcides, porque ele foi o primeiro a trair o prefeito. Professor Alcides prometeu apoiar Vilmar Mariano em 2024, mas acabou se lançando candidato. Se tivesse cumprido sua palavra, Vilmar Mariano seria quase o candidato único e a eleição estaria ganha”.
Vilmar Mariano acredita que foi traído por mais de uma pessoa: primeiro por Professor Alcides, depois, pelo membro da base governista Gustavo Mendanha (MDB). Na base do governo, o consenso é de que Mendanha não comandou isolamento algum. “Há três meses, fizemos uma reunião com nove pessoas presentes em que deixamos claro que sua pré-candidatura estava condicionada à redução pela metade da vantagem de Professor Alcides nas intenções de votos. Essa melhora nas pesquisas não aconteceu. Mendanha era apenas uma dessas nove pessoas”, diz um interlocutor próximo ao ex-prefeito de Aparecida.
A saída de Vilmar Mariano das eleições municipais moveu peças em outros partidos. Há poucas semanas, o vereador aparecidense William Panda (PSB) caminhava com seu projeto de assumir o cargo de deputado estadual na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Panda é primeiro suplente de Karlos Cabral (PSB), que irá se licenciar para concorrer às eleições municipais de Rio Verde. Em Aparecida de Goiânia, ele apoiaria Vilmar Mariano. Mas, com a saída do prefeito do páreo, Panda pretende concorrer ao cargo. Recentemente, ganhou autorização do diretório do PSB para o projeto. Ele pode receber o apoio do PT na cidade.
Entretanto, o enfrentamento político da esquerda petista nas três maiores cidades goianas é matéria cara à base do governo estadual nas eleições municipais de 2024. Se Vilmar Mariano cogitar apoiar Panda, o preço será alto. Após reunião entre o prefeito de Aparecida de Goiânia e o governador nesta segunda-feira, o caminho que leva ao fim do ressentimento se torna mais evidente. Um dos membros da base do governo estadual arrematou sobre a situação: “Ninguém é candidato apenas de si mesmo. Temos de pensar no bem de nosso grupo”.