A fluvoxamina demonstrou ter potencial para inibir a inflamação causada pelo vírus SARS-CoV-2 e a sua replicação, diminuindo os danos ao cérebro e outros tecidos do corpo

Foto: Agência Brasil

A fluvoxamina é um princípio ativo de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos que funcionam como inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Esta classe de fármaco demonstrou ter potencial para inibir a inflamação causada pelo vírus SARS-CoV-2 e a sua replicação, diminuindo os danos ao cérebro e outros tecidos do corpo. 

Atualmente, dois grupos de pesquisa nos Estados Unidos realizam testes clínicos avaliando o tratamento com essas drogas, conhecidos pelo nome comercial Luvox, em pacientes com Covid-19. David Boulware, médico pesquisador na Universidade de Minnesota, é um dos coordenadores de pesquisa que analisa 113 voluntários que testaram positivo para Covid-19.

Ao universo amostral, foi oferecido o antidepressivo fluvoxamina, sendo que 65 optaram por ela e 48 declinaram. No grupo que optou por tomar fluvoxamina, administrou-se 50 mg, duas vezes ao dia, por 14 dias. O grupo da fluvoxamina teve zero pessoas hospitalizadas, contra seis no outro grupo (12,5%), sendo que 2 deles foram internados na UTI. No entanto, o mais impressionante (mesmo para um pesquisa não controlada, onde existe o efeito placebo) é que no dia 14, nenhum dos participantes no no grupo da fluvoxamina tinha sintomas contra 29 (60%) no grupo sem fluvoxamina. 

O resultado, ainda que em uma pesquisa rápida fora dos padrões foi marcante o suficiente para que a Oxford University Press aceitasse o artigo para publicação do preprint (estudo sem revisão pelos pares). Ensaios clínicos randomizados na Coréia, Brasil e Hungria também estão investigando a fluvoxamina como um possível tratamento em pacientes com Covid-19 com doença leve a moderada. No Brasil, o Jornal da USP publicou uma reportagem sobre o estudo com a colaboração dos coordenadores da pesquisa.

Entretanto, em seu artigo, David Boulware lembra que, como a maioria dos antidepressivos, há muitos efeitos colaterais possíveis com o uso da fluvoxamina, e que portanto a terapia deve ser administrada com  cautela. A dosagem máxima usada na prática clínica é de 300 mg/dia.