Aliança incerta: reforma do Paço ainda obscura para o PMDB
19 janeiro 2015 às 12h46

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Executiva da legenda recebeu pré-projeto com alterações administrativas e políticas, mas sem nenhuma definição. Proposta deve chegar à Câmara em fevereiro

As lideranças do PMDB aguardam para os próximos dias uma nova conversa com o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), a respeito da reforma administrativa, que deve chegar à Câmara de Vereadores em fevereiro.
Por enquanto, alguns peemedebistas continuam alheios à formatação do projeto. E segundo eles, existem especulações demais em relação aos cortes ou fusão de secretarias, que podem chegar a dez. O facão atingiria a muitos, politicamente falando.
E o reflexo da possível demissão de cargos de indicação — que poderia variar entre 30% e 50% — geraria economia mensal de R$ 6 milhões (R$ 50 milhões anuais). E a tranquilidade política de Paulo Garcia em executá-las por sua conta e risco representa-se, principalmente, por não ser candidato à reeleição.
Mas o desgaste pode ser gerado em nível de partido. Afinal, 2015 é palco para a dança das cadeiras em vistas das eleições municipais: a aliança com o PMDB é vital para o PT. Caso não ocorra, a cúpula petista precisa reestruturar suas estratégias. Até mesmo porque o senador Ronaldo Caiado, do DEM, adiantar seu apoio a Iris Rezende caso o ex-governador dispute em 2016.
Por outro lado, mesmo desgastado diante o eleitorado goianiense, os petistas têm a máquina pública na mão.
Se efetivamente ocorrerem os cortes, os cofres da cidade ganham. É a opinião de muitos. Mas é preciso priorizar órgãos que são destaque nos noticiários por pagar altos salários a servidores, como a Comurg.
O fato de o prefeito não estar deixando os aliados a par da proposta é encarado não como ausência de diálogo. Os políticos entendem, na verdade, que isso está acontecendo apenas devido à viagem de Paulo Garcia na última semana. “Espero que o partido seja ouvido. É bom para manter a parceria. O que se tem é especulação”, diz o vereador Izídio Alves. Outro, demonstra-se estar por fora até mesmo do novo ano que se iniciou.
“Não existe nada oficial. Está sem conversa, parado, sem movimentar”, aponta Mizair Lemes Júnior, vereador e presidente do diretório metropolitano. O destaque negativo, conforme informou, é a falta de informação a respeito de quais pastas serão excluídas ou fundidas. E qual seria a porcentagem de servidores ligados à legenda que efetivamente seria exonerado.
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E quem assumiu o Paço Municipal com a saída do petista foi o vice, Agenor Mariano, do PMDB. Ao Jornal Opção Online, o então prefeito em exercício adiantara que não esteve por dentro das principais discussões do Poder Executivo de Goiânia. À época, ressaltou que a reformulação havia sido apresentada à cúpula do PMDB uma vez. E que os cortes nos cargos da sigla podem ser confirmados nas próximas reuniões.
Antes, o deputado Bruno Peixoto havia adiantado que não aceitaria a perda de espaço. Outro previu, após conversas com vereadores da oposição, de que a reforma administrativa não seria aprovada pelo Poder Legislativo. “Tudo que o Paulo Garcia quiser, será cortado em 50%.”
PMDB menor
Um ex-peemedebista que compôs a linha de frente de gestões do ex-prefeito Iris Rezende e de Paulo Garcia indica que o momento é de buscar o equilíbrio das contas. E cabe a todos compreender o processo.
“É preciso pensar a cidade. Normalmente, fazem-se concessões para aprovar propostas [na Câmara Municipal]. Os aliados tentam segurar as posições e isso acaba fortalecendo o processo político”, avalia. E a formação da composição nunca foi fácil e vai exigir articulações aranhosas, mesmo com o fato de Paulo Garcia não ser candidato em 2016.
E se nas gestões iristas a presença de peemedebistas nos quadros da prefeitura era majoritária, aos poucos a conta tornou-se minoritária. O motivo? A boa avaliação que a base aliada e a própria população tinha do governo do líder do PMDB.