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“Não tem anúncio ou discussão do governador Caiado sobre isso. Ele decorou o discurso que a UEG tem que se responsabilizar por si, porque ele diz repassar um pouco mais e acha que é o suficiente”

Foto: Reprodução/Facbook

Desde julho de 2018, a Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia do Estado de Goiás (Eseffego), lançada pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), na Vila Nova, teve sua estrutura, funcionários e alunos dos cursos de Educação Física e Fisioterapia remanejados para o Centro de Excelência do Esporte (CEE). Este teve custo aproximado de R$ 95 milhões. Porém, os envolvidos não aceitaram deixar o Eseffego, em definitivo, e estão em greve, desde março deste ano, com uma série de pautas.

Parte disso foi motivado pela retirada da gestão da CEE pela Eseffego pelo governador Ronaldo Caiado (DEM). É o que confirma o professor do Campus, Gleyson Batista. “Estamos em greve desde 16 de março. A gente foi remanejado com grande parte dos professores contrários. Foi um movimento politiqueiro do ex-governador”.

Segundo ele, criaram o CEE, que ele disse ser um “elefante branco” e “empurraram a gente pra lá. Ficamos sem condição de trabalho”. Vale informar que, antes da mudança, o CEE já servia para a aplicação de cursos por parte da Eseffego, mas com a ida da graduação e pós-graduaçã, estes foram encerrados, conforme o docente.

“E mudamos antes de estar pronto. As reformas começaram com a gente lá. O laboratório de anatomia só ficou pronto quase dois meses depois que fomos pra lá”.

Eseffego

Sobre a Eseffego, o professor informa que foi argumentado, pelo então governador José Eliton (PSDB), que o local passaria por reforma e que a permanência no CEE seria provisória. “Porém, agora não tem mais condição de retorno sem que haja, de fato, uma reforma, pois se trata de um prédio antigo, que se deteriorou rápido”, disse ele que aguarda os reparos para este ano.

“Mas não tem anúncio ou discussão do governador Caiado sobre isso. Ele decorou o discurso que a UEG tem que se responsabilizar por si, porque ele diz repassar um pouco mais e acha que é o suficiente para a UEG se manter. Ele responsabiliza a própria UEG, que nunca teve autonomia de verdade”.

Conforme Gleyson, tudo organizado nos últimos anos sempre teve “o dedo do governador. E quando ele ganha [a eleição], ele assume os problemas”.

Solução?

Para Gleyson, a solução do governador é fechar campus e demitir professores substitutos, que estejam de maneira regular. Esta viria por meio do reitor, Ivano Devilla. “A gente sabe que o reitor não faz nada sem o crivo do governo”.

Inclusive, sobre isto, o docente diz que ida da UEG rumo à secretaria de Educação gera prejuízo, pois reduz o repasse. “Como vamos para a Educação, a educação básica vai perder, no mínimo, uns 4% de verbas, e nesse período de transição teremos dificuldades”.

Atualmente, a UEG recebe de forma separada 2% das verbas estaduais, mas existe um projeto que pode unir esse ao orçamento da Educação. De acordo com Gleyson, os 2% de repasse já não são suficientes. “Deveria ser 5%”.

Ele prevê que será preciso fechar cursos e mandar pessoas embora. “Não é levado em conta o prejuízo que as pessoas que estudam vão ter”.

CEE

A Eseffego e o CEE mantinham uma parceria, na qual a antiga Agetop, hoje Goinfra, cuidava do local, enquanto alguns professores apresentavam projetos técnicos para que se ocupassem os espaços de extensão da UEG. “A administração era feita conjuntamente com a UEG e a Agetop”.

“Quando mudamos, com a graduação e a pós, atrapalhamos essa oferta de serviço, pois passamos a ocupar os espaços, nos mesmos períodos”, detalhou mais o docente. “Sabíamos que a mudança era para que se vendesse a área da Vila Nova, mas conseguimos evitar”.

Pautas da greve

Atualmente, quem cuida da gestão da Eseffego é Marcus Jary, que entrou via lista tríplice – aceito pelo então reitor da UEG, Haroldo Reimer, mas não que ficou em segundo lugar na votação. “Nessa lógica temos um professor que não nos representa”, diz Gleydson, que aponta que a saída deste gestor também se tornou pauta da greve – mesmo que já fosse um pedido anterior.

“Na nossa última assembleia tentamos retirar Jary. Tentamos uma instância da UEG, para retira-lo. A gente apresentou votos suficientes, mas a reitoria não deu resposta positiva. Está suspensa a análise”.

Nos seis meses antes de Caiado assumir, o professor informou que a Eseffego teve certa autonomia, mas se trata de um local com custo elevadíssimo. Desta forma, outra demanda dos grevistas é pela posição do governador em relação ao retorno da Eseffego ao Campus Vila Nova, além do salário de dezembro – pago parcialmente.

“Hoje temos ausência de diálogo com o governador, mas temos certeza que é o governo que assessora o reitor”. Segundo ele, o diálogo do comando de greve com Ivano não acarreta em nenhuma anuência das pautas. “Diz que só retoma o diálogo, quando retornarmos”.

Explicita-se, que a greve teve início com os professores, mas segundo Gleyson, teve adesão dos técnicos administrativos e alunos.

Posicionamentos

O Jornal Opção enviou uma série de questionamentos, conforme relatados pelo professor Gleyson, às secretarias estaduais de Desenvolvimento Regional e também à de Educação. Em ambos os caos, foi informado que a UEG é autônoma e independente.

Por sua vez, a Universidade Estadual de Goiás informou que já foram realizadas diversas reuniões com o movimento grevista da UEG Faculdade do Esporte Eseffego, com a presença do próprio reitor, de pró-reitores e do procurador jurídico da UEG, para tratar das demandas da categoria.

“A UEG está tomando todas as providências cabíveis para solucionar a questão o mais rápido possível, dentro dos critérios da legalidade, de modo a minimizar os prejuízos sofridos pela comunidade acadêmica”.

Com relação ao antigo prédio da Eseffego, a nota informa que este está fechado e, para voltar a ser utilizado, será necessária uma reforma geral. “A Universidade tem buscado convênios para conseguir recursos externos para que essa reforma seja feita”. Tentamos contato, também, com o professor Jary, mas ele não respondeu às nossas tentativas de contato.