Ainda em calamidade financeira, Goiânia fecha 2º quadrimestre com superávit de R$ 678,7 milhões

02 outubro 2025 às 09h23

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A Prefeitura de Goiânia encerrou o segundo quadrimestre de 2025 com um superávit primário de R$ 678,7 milhões. No entanto, a administração ainda segue em calamidade financeira e não alcançou o índice mínimo em investimento para a educação. No mesmo período do ano passado, o município havia registrado déficit de R$ 166,6 milhões.
“Fizemos um superávit de quase R$ 700 milhões no primeiro quadrimestre. Mesmo assim, tivemos que pagar dívidas antigas, como as de fornecedores essenciais e hospitais. Por exemplo, a conta da Fundahc era de R$ 180 milhões e conseguimos encerrá-la por R$ 75 milhões. Negociamos muito com bancos e fornecedores, obtendo descontos de 20% a 40% e parcelamentos em até 40 meses”, relatou o prefeito Sandro Mabel (UB).
A situação de superávit em estado de calamidade financeira foi questionado pela vereadora Aava Santiago (PSDB). “Impossível afirmar que estamos em calamidade diante dos resultados superavitários apresentados pelo segundo quadrimestre consecutivo. Esse é um ponto em que precisamos ser bastante duros: ou há calamidade, ou há superávit”, afirmou.
“Calamidade com superávit por dois quadrimestres seguidos e com arrecadação maior que a do ano anterior são dados inconsistentes, incompatíveis. Isso reforça a tese de que se trata de uma calamidade sazonal, aplicada em alguns casos quando é conveniente para a administração, e em outros não”, continuou a parlamentar.
O superávit primário é o indicador que mede a diferença entre receitas e despesas do governo, excluindo gastos com juros e amortizações da dívida, além de recursos vinculados à previdência. Ele é considerado um dos principais termômetros da saúde fiscal, pois mostra se o município está gastando menos do que arrecada em suas despesas primárias.
De acordo com o balanço divulgado pela Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz), o aumento da arrecadação e a contenção de gastos foram fundamentais para o resultado positivo. As receitas cresceram 12,08% em relação ao segundo quadrimestre de 2024, impulsionadas pelo desempenho dos impostos municipais e pelas operações de crédito. Ao mesmo tempo, as despesas totais caíram 5,99%, com destaque para a redução dos investimentos e de outras despesas correntes.
Na saúde, foram aplicados R$ 828 milhões, o que representa 20,76% da receita total, percentual acima do mínimo constitucional exigido (15%). Já na educação, os investimentos somaram R$ 805,6 milhões, equivalentes a 20,06% da receita, valor que ficou abaixo dos 25% determinados pela Constituição Federal.
Com esse cenário, Mabel reforça que a situação permitirá ampliar a margem para a realização de novos investimentos. “Melhoramos o aproveitamento do dinheiro da educação e vamos aplicar quase R$ 200 milhões na área este ano. Também vamos investir na saúde e em muitas outras áreas”, afirmou.
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